quarta-feira, 2 de março de 2011

As mãos ( Davi Salles )

mãos fabrica de gestos
A quem seja direto destro ,
Elas empunham , indicam maltratam
trabalham, desatam e atam
masturbam, excitam, procuram, tateiam ,penteiam
apontam. delatam
São os mapas da vida, par quem pode decifrar
Os segredos e mistérios
as linhas das mãos muito podem falar

a mão que castiga .e tira uma vida
é a mesma que cura, e sutura a ferida
a mão do doutor , curandeiro da dor
a que aperta o gatilho. acarinha um filho
Esmurra um bandido esgana agride o amor
mãos do agressor
derrubam as matas , outras plantam o trigo
o feijão e o milho r semeiam o pão mãos do lavrador

amassa a amassa, ergue troféus , conduz o pincel
entalha ,amola a navalha ,dedilha instrumentos mãos que dão esmola
escrevem cordel , dotadas de talentos, eternizam momentos

modelam o barro, , lapidam brilhantes
escrevem poemas , novelas , afagam os amantes
formulam sinais,.a linguagem mudos e surdos
sem elas não existiria a jamais

mãos que aplaudem o talento com satisfação
falsificam , criam, são abençoadas
mãos calejadas rotas ou bem tratadas
algumas condenadas mãos ,assassinas
mãos que envenenam dão bofetadas fazem carnificina

revela , personalidade. sua identidade
tem suas digitas, formas sem iguais
Únicas,
exclusivas dados pessoais.

mulher (Davi Salles)

a mulher
A mulher (Davi Salles )



A mulher geradora , mãe, professora, capaz de dar à vida outro ser
Protetora por natureza .
Procria, concebe, rainha do lar, dos escritórios
Das repartições, cozinhas, consultórios, dona da beleza

Organizada, dirige, trabalha, costura, cozinha, dá prazer
Emprega, se emprega, seduz, enfeitiça
Se ama, se entrega, dedicada amiga, usa unha postiça
Mulher coisa boa, na alma perdoa, não se abate à toa

Vaidosa, é forte
Muitas trazem sorte
Outras a morte, ou coisa parecida
Tem mulher de vida difícil, que dizem ser é fácil
Vivem invadidas por alguns trocados
Mundanas, no mercado são mercadorias
No ventre da noite, expostas a orgia
Na companhia dos homens carentes,
São tão dependentes, os componentes dessa confraria

Tem prazer latente, em comprar o amor, prática antiga
Se eternizou nos bordéis
Castelo é onde a puta chia pra quem te pagou
Finge que é feliz, pobre meretriz, não se dá o devido valor
Conheço até uma, chamada Beatriz
Encontrei nas ruas de São Salvador

Maria, Joana, Margarida, Patrícia, Suzana, Encarnação
Do trabalho forte, no sul ou no norte, seja noite ou dia
Em qualquer estação, não vendem seu corpo
Se entregam só por paixão
Se assunta seu moço, respeite, tenha razão
Não confunda a chita, ou essa moça grita e leva um bofetão

Mulher brasileira, quando é de primeira, trabalhadeira
Tem honra e brasão
Chegue com elegância , seja cuidadoso, seja cavalheiro
Se quer chegar mais perto, ter o seu carinho, afeto
Regar seu ventre, habitar seu teto
A mulher tem filhos, sobrinhos e netos

Que ser mais perfeito nos deu o peito, o leite, a vacina, o remédio, a cura
O primeiro beijo, primeira aventura, o primeiro amor
E a fruta mais doce, abaixo da cintura
Quem tem a mulher, que te dê o valor
Se delas saímos, e nelas entramos, devemos esse favor
Amamos, queremos, odiamos, descartamos, trocamos, voltamos, desejamos
Casamos, separamos, usamos, somos usados e gostamos
Mulher de idade, nova, inocente, safada, ousada, carente
A vivida, parida, experiente, frígida, fria, a sedenta e a quente
Vadia, honesta que presta e a que testa a gente
A cunhada, madrasta, enteada, a tia encalhada, a noiva, a casada
A amante secreta, a esposa, a viúva largada
Moleca, sapeca, danada, pirada, maluca, que usa peruca
Peituda, a magrela, a gorda, a esguia, vasto esse mundo
Sexo frágil eu jamais diria
A dor de parir, um homem não suportaria
Fica atrás da porta todo machismo
Sua valentia

o arquiteto (Davi Salles )

o Arquiteto do mundo ( Davi Salles)



Quem fez o mundo, foi perfeito.
Em tudo pensou Cada detalhe, que projetou
as estrelas o mar azul Tudo que nele colocou
O sol que clareia, aquece e mata o frio
Criou nascentes onde nascem os rios

o espaço , o universo ,o aço o diamante
O tempo e esse instante
O homem sábio, seres racionais e os animas
Mais hoje em dia,muitos se assemelham parecem que são iguais

Criou paises e os continentes
Idiomas diferentes, culturas , costumes
As belas flores,e seus perfumes
A natureza ,suas belezas, nos deu a terra o alimento
O dom do amor o sentimento

A chuva que nos traz vida Regando o solo plantações
Enchendo açudes , riachos e muitas e hoje em dia as avenidas
A nota musical, a melodia o alaúde
A doença e a saúde ,a tristeza e alegria
O homem bom o homem mal o inteligente o rude

Criou os anjos e satanás
A fé ,a esperança,e muito mais
A luz e escuridão a noite e o dia

As estações, primaveras, outonos ,invernos, verões
o certo e o errado,o simples e o complicado
Criou ,a fé religiões ,.moléculas átomos
A brisa, os furações, a fúria bruta dos vulcões
A liberdade dos passarinhos e os aviões

As palavras, o alfabeto, os dialetos
a medicina que traz a cura
A lucidez e a loucura, a ternura , o desafeto
Sabedoria inteligência ,a paz e a violência
A igualdade e as diferenças
Batam palmas para esse arquiteto

Dois monstros ( Davi Salles )

Dois monstros ( Davi Salles )

Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá comentem um crime vil cruel inaceitável.
Um genitor que deveria ser por natureza o protetor do seu rebento, nesse caso é co autor desse ato de crueldade extremamente violento que só revela a sua desumanidade.
Tentaram ludibriar, pericias contestaram laudos científicos provas cabais com negativas e investidas frustradas desse monstro e da sua amada que coincidentemente tem o mesmo nome da mãe. Que foi furtada do deu bem mais precioso o anjo Isabela que fora por essa outra estrangulada. Espancada, judiada, asfixiada e da janela daquele covil de cobras foi por esse psicopata atirada.
Chocaram o país inteiro com um cinismo repugnante lágrimas e negativas revoltantes se declaravam inocentes desse delito deprimente acostumados a impunidade.
Acharam que iriam sair dessa e voltar ao convívio da sociedade, mas o seu engano.
Hoje está estampado em todos os jornais e a justiça foi feita como em poucos episódios já vistos, com as mesmas características, com o requinte de crueldade que foi revelado.
Esses dois pulhas, canalhas bem nascidos educados em colégios de classe alta são a prova que o ciclo social e nível intelectual não impedem o homem de se contaminar e avançar a linha tênue que separa o ser humano do lado animal, pois é assim que vejo esses dois covardes que sem piedade tiraram a vida de uma criança inocente indefesa e totalmente pura.
Sem chances de se defender da ira e da violência que veio de onde jamais se poderia esperar, daqueles que deveriam zelar pela sua integridade física mais infelizmente eles são os protagonistas dessa atrocidade que marcou a história do país. Comoveu e consternou a população gerando revolta indignação.
E uma onda de protestos, manifestos em prol dessa tão esperada condenação.
Gente dessa estirpe com essa alma só merece reclusão.
Fragmentou famílias interrompeu um ciclo de uma história e agora fica a saudade, as lembranças. Até quando nossas crianças serão reféns dessa maldita escória
Essa sentença só nos conforta nos aparta do fantasma da impunidade.
A lei dos homens já foi cumprida então descanse em paz Isabela querida

o Carnaval ( Davi salles)

o Carnaval ( Davi salles)


Vestimos a fantasia é a exaustão da a alegria
Sinônimo de folia,libera-se o que te prendia
misturam–se as etnias é a mais pura democracia
é gente do bairro nobre , é o pobre da periferia
pena que seja assim durante esses poucos dias
O rico e o proletário pisando no mesmo chão
A música que une é a liga é a nova e antiga
O proletário e burguês interagindo agitando repetem o mesmo refrão
se esbarra com o mundo inteiro
Nos becos nas avenidas se brinca com ou sem dinheiro

Carnaval tem esse poder, de unir de entreter mixigenar.
É festa que move o mundo, e todo o mundo quer ver brincar
Onde nasce alguns amores, paixões diante dos geradores
que geram os decibéis canções nos auto falantes
essa energia gigante que deixa calo nos pés
tem farda para essa festa, mortalhas modernizadas
disputa acirrada, hoje é uma forte moeda corrente
muito valorizada é o sonho de muita gente
são muitas caras pintadas e pálidas pelos excessos
aprendi que o carnaval alegra o universo
mas tem gente amarga perdas e outras fazem sucesso

O trio liquidifica mistura ritmos, melodias
Com a força do gerador, perfeita essa microfonia
Essa eletricidade, balança toda cidade
As praças e os camarotes a um tempo atrás sacudia-se
A velha mamãe-sacode nos blocos atrás das cordas paga e brinca quem pode.
Atraem as celebridades
Expõe as suas verdades despacham suas vaidades
Pra festa não tem idade, sexo regras, padrão
O credo a sua linhagem, perante a sociedade
Não faz diferença não
Basta brincar direito, sem esquecer o respeito
E os espírito de folião
Carnaval que festa mais louca, pega, pega quem passa
E tasca beijos na boca
Contagia... é o povo que sai do asfalto decola, grita, pula bem alto
loucura, exaltação, mudança de postura, é paz e tem momentos de loucura
Os Pierrôs e as colombinas meninos e meninas
Desfilam sua formosura , confetes e serpentinas .
Carnaval é o ano inteiro, itinerante e lucrativo festa que não termina.

O poder da oração (Davi Salles )

O poder da oração



A oração nos Faz-nos entender que diante do pai somos tão pequenos
Lamentável é saber que muitos só praticam o ato
Quando já estão sofrendo

Ao passo que os sábios , vivem agradecendo
Pelo entendimento , desse poder que tem de nos proteger
Conter , e extirpar o mal sobre nossas vidas
Oração forte se estende a sua família Aos seus semelhantes
Orar é importante e deve ser constante.
tem um efeito poderoso gigante
A oração nos liberta , á uma alavanca para desafios
Nos consola, nos desvia do desvario
Nos aquece acalenta nos centra nos aquece numa noite de frio

Quem ora esta protegido , ungido de bênçãos de paz
enxerga e respeita, a grandeza do bem que ela faz
duvidar é um erro, é se lançar no abismo
rondaras sua porta sempre o inimigo
vai estar sozinho mesmo que se encontre no meio de uma multidão
estará vazia toda sua alma e o seu coração
não perceberas o seu semelhante
o olhar sofrido do seu irmão
um lamento uma boca faminta a espera de um pão

se oras tem uma janela aberta , terás mais visão
discernimento, para na hora certa, dizer sim ou não
sem orar só darás valor e enxergas o que é matéria o que é ilusão
oco , solto , desgarrado , suscetível a tentação
orar não ir a igreja .com o livro sagrado dizer que pertence a tal religião
é reconhecer que és só uma gota, é um grão de areia , perto do quem prostra
sempre seus joelhos para pedir o perdão

ore e seja sensível, a tudo a sua volta
olhe pra quem , chora ofereça a sua mão
gente é pra brilhar numa constelação
sem jamais ter que se humilhar passar privação
viva com abundancia mais sem ostentação

orai é vigiai nosso ego, o orgulho cego
o deslumbramento siga essa trilha
cultive a partilha

Quilombo

Quilombo (Davi Salles)


O Quilombo era um Símbolo da resistência
Lá se refugiavam, vitimas das mais variadas violências
Do trabalho escravo, dos maus tratos, do fardo dooficio pesado
Do tronco do acoite .dos ferros dos pelourinhos

Nos engenhos dos senhorzinhos
Os capatazes , feitores ,paus mandados, desses tal senhores
Sangravam os escravos, os marcavam Com chibatadas,seus lombos e suas vidas
castigo ,e perversidade, abriam feridas no corpo e na alma
Judiavam, daqueles que tiraram a liberdade
O bem mais precioso, da humanidade

Trabalhavam. No sol, na chuva,no sereno.
Exaustos, com o suor escorrendo
Muitos acabavam morrendo a saúde por fim iam perdendo
definhavam nos canaviais, nos cafezais das fazendas
nas grandes propriedades , muitos com mais de sessenta
e outros com tão pouca idade , sentiam na pele a tristeza
de não serem donos das suas vontades

O quilombo era esperança ,subsistência
Reduto dos foragidos , não somente dos negros ,fugitivos
mais também os índios .e os brancos despojados
era um exemplos de resistência
aqueles que eram revoltados, corajosos abolicionistas
lutavam contra escravagistas ,capitães do mato, e ate a policia

quilombolas, como eram chamados.
capoeiras ,mestres no corte da cana
tocavam tambores ,cultuavam uma religião
de grande manifestação que igreja achou por bem intitular de profana
Os orixás, da cultura africana
conviviam diariamente ,com a maldade da raça humana
depois de chicoteados,e como animais tratados
suas mulheres, pelos coronéis, eram levadas pra cama

eram usadas como objetos ,e muitas eram amadas
tratadas com um certo afeto
mais a elite a corte jamais admitiria ,que um nobre assumisse um dia
seu amor,sua paixão por aquela que te servia
na mesa e na intimidade
embora todos soubesses, que era assim que se procedia
os barões pouco tocavam ,as brancas ricas e prendadas
que em suas alcovas com eles dormiam

a paixão oculta ,reservada
nos celeiros ,nas carroças era escancarada
no meio das estradas era consumada
o prazer era comum estendia -se as madrugadas
negras mulatas obrigadas gemiam sem sentir dor , fingindo sentir amor
Nos braços do seu senhor

e quando as mesmas eram emgravidadas
A cria que era gerada, por eles era ignorada.
nas senzalas frias,e empoeiradas,tão logo era descartada

as negras dotadas,de beleza simpatia.
e educação viviam na casa grande , mucamas ,durante o dia
serviam as sinhazinhas. cumpriam sua obrigação
mas a noite eram obrigas a se deitarem com o barão

assim se deu a mistura , no ato da postura
da infidelidade do branco que não resistia e, se rendia aos encantos.
Da fêmea de pele escura.
De cabelos crespos, dentes fortes claros
Do corpo quente, pelo seu porte imponente suas curvas os, levavam a loucura.
E incomodavam suas esposas, a sua graça sua formosura
Muitas por isso, eram levadas ao tronco a tortura
os cintos de castidade ,protegiam do adultério
as baronesas ameaçadas ,pelas negras lindas daquele império


dessa atração, dessa pratica antiga,e corriqueira
foi o ponto de partida. para a miscigenação , brasileira

nos quilombos,tinham essa .variedade.
de raças. cores ,e credos, muitos sofredores
mais todos ,iam em busca, dos mesmos valores
ansiavam ,ávidos a abolição ,que zumbi pregava .almejava
e por ela lutava .e assim lutou ,ate o fim dos seus dias
contra essa covardia chamada escravidão

palmares era um paraíso,foi um marco um sonho na historia da escravatura
lá tinha entendimento,.paz tinha alimento ,Pecuária ,agricultura
um líder sem ditadura ,um socialista sem ter a cultura.
mas sua justiça ,e a sua bondade o faziam amado pelos irmãos
odiado, falado ,temido pelos inimigos e pela população
por sua bravura ,se tornou uma lenda a liberdade era sua razão

zumbi era seu nome ,exemplo forte de homem
no seu quilombo ,não tinha fome
era um herói e esse mérito não há quem te tome

e conhecendo a trajetória, a saga ,desse passado
.revoltado, indignado,consternado me sinto agora
como podiam ,ser tão cruéis ,gananciosos esses coronéis
devotos . a crueldade .de tirar de um ser sua liberdade
desmantelar seu coração, ver humilhada sua etnia

e acorrentada sua alegria ,em fim passou esse pesadelo essa agonia
que já não vemos hoje em dia envergonhou ,essa nação ,tanto sangue foi derramado quanto sofrimento lagrimas nos rostos das mães, rolaram quando dos seu seus braços eram tirados os seus rebentos
vejam que ironia os filhos desses senhores.
eram amamentados pelas chamadas mães de leite ama secas
quando no peito da branca baronesa o alimento não mais fluía
,muitas salvavam a vida daqueles que nasciam, cresciam e depois nelas
também batiam usavam possuíam
o destino de um povo inteiro,acorrentado em navios negreiros
ainda tinham que remar ,com fome .sem descansar rumo ao seu cativeiro
e essa doença do preconceito do desrespeito , a negritude
,esta maquiada mais ainda presente
É feio, infelizmente, espero que logo mude.

sem elas (Davi Salles )

Sem elas (Davi Salles)



A criação perfeita do nosso senhor
Não basta um só dia para se lembrar e exaltar o seu valor
é quem pode dar a vida e frutificar o amor
gerar no seu ventre rebentos seres inteligentes
tão dependentes do seu calor , da sua atenção. Ao nascermos de imediato o seu peito elas logo nos dão o leite o alimento a vacina e esse cuidar que nunca termina a mulher os nossos dias com a sua luz os ilumina
São moças senhoras meninas

Perpetua gerações é ela quem inspira melodias é musa das nossas canções
Dos versos, repentes e refrões, alegram emocionam os corações
Sem elas o mundo não teria as cores, seria sem graça sem tom sem brilho sem som
Sem os sabores
Da culinária, a organização sem a mulher e sua alma extraordinária
A tristeza seria eterna interplanetária
Sem elas o mundo iria ruir parar. A terra deixaria de girar
O sol e as estrelas de brilhar não teríamos motivos para sonhar
A mulher faz o sucesso se alavancar estimula da motivação
Por elas que existe a paixão para elas foram criadas as flores
A delicadeza. a inerência a beleza , o charme a alteza
Predicados que são delas com certeza
Mulheres encantadoras, professoras, medicas pastoras, enfermeiras diretoras
presidem executam emancipadas .diplomadas e preparadas
modernas , conservadoras vanguardas
a maternidade é exclusividade da sua espécie o melhor a mulher merece
Quem as conhece jamais se desassocia ou delas se esquece
A mulher é o sentido do amor corajosas no parto na dor
Fazem-nos felizes nos levam a crises, nos fazem viver
Por vezes sofres mais sem essas mulheres
Não podemos viver

santo Antonio ( Davi Salles )

Santo Antonio



Santo Antonio o santo das enjeitadas
Das prendas , desesperadas
fêmeas não cortejadas lobas passadas
Ogum para os umbandistas
Casamenteiro na idéia do mundo inteiro

Simpatia das mais diversas, tem ate dia para sua festa
É o cupido sem asas sem flechas
A imensa lista com pedidos, de namorados, amantes, maridos
Certamente Daria para encher florestas

O Salvador das que ficaram para titia
Inconformada histeria , rezam terços novenas
Infinitas promessas dia a pos dia
Em busca do matrimonio elas demonstram ter pressa
Coitado de santo Antonio
Tem que realizar tantos sonhos

Se ouvisse ao mesmo tempo, tantas vozes os seus lamentos
Pedidos de casamentos, de certo não agüentaria
a aureola, sua santidade , a Paciência e sua bondade, tão logo ele abandonaria

ter que Arrumar para uma feiosa um príncipe encantado
Com um cavalo branco, tarefa mais dolorosa
Difícil ate para um santo. milagre também tem limites
E Nem todos o pai admite,
Tirar de um homem sã, seu bom gosto sua visão
Para se casar com um dragão, isso já se configura um pecado heresia essa encalhada Não tem compaixão
Que me desculpe a desesperada, mais essa cruz eu não carregaria não
Que injustiça com esse cidadão

A gorda gulosa, espaçosa
Pediu um Apolo com físico belo
Carinhoso, apaixonado, trabalhador e sincero

A encrenqueira ,ciumenta diz merecer
Um ricaço de carro importado e fazendas . quem agüenta ?
Na lista variada tem cantor famoso, galãs das novelas
Apresentador de tv haja tanta encomenda
Joelhos prostrados e velas

Sapatinhos de cristais ,carruagens é muito mais
Síndromes de Cinderela ,sonhos que vão alem do imaginário
Coitado de Antonio ,convive com essa carência
E as loucas inseparáveis ,da idéia fixa da providencia.
Na busca por um otário amarram a Sua imagem, ao pé da mesa ate o dia que colocarem um besta, dentro de uma igreja com aliança e tudo na frente do vigário

lampeão ( Davi Salles )

Virgulino


Cangaço, palavra atribuída a pratica de um cangaceiro.
Havia um tempo .que esse bando de pistoleiros
Amedrontava um povo inteiro
Onde passava era um pesadelo, um desmantelo ,confusão
Um tal caolho baderneiro temido seu nome lampião

Cabra malvado , sem dó no coração
Roubava ,matava usava e abusava das suas vontades
Líder do cangaço,mentor Dessa facção
exército de malfeitores, desalmados ,hereges sem religião
Homens cruéis,cumpriam seus papeis,
as ordens de virgulino , Fies ao seu senhor,
esse bando fez fama por onde passou
De muitos seres interrompeu o destino

Armados ate os dentes ,saqueavam os ricos e carentes
As fazendas ,igrejas Estupravam
Desafiavam os coronéis
Desfrutavam da riqueza , dos bordeis
Se diziam valentes,cobertos de ouro prata , diamantes
viviam no confins do sertão eram ,demônios itinerantes
uma confraria de foras da lei,mundo masculino
algumas mulheres os seguiam, esses peregrinos a mais formosa e mais bela
Pertencia ao tal virgulino ,Maria bonita essa era sua graça .
fazia jus ao seu nome, amou demais esse homem
demonstrou ter muita raça ,conviveu com esse assassino
abominado por multidões ,mais dizem que em seus braços
ele mais parecia um menino

a morte era uma constante, batalhas eram travadas
no chão respingava sangue
uma guerra que só foi cessada, no dia que numa emboscada
essa tropa de cangaceiros foi abatida , exterminada
segundo as testemunhas o corpo de lampião foi jogado numa estrada
,ao lado da sua companheira , Maria bonita sua amada

com a cabeça decepada, a arrogância da sua voz em fim calada
a saga de atrocidades, e a dinastia dessa quadrilha
na historia ficou guardada
sua morte pelos burgueses,foi muito comemorada
por alguns que simpatizam,ou da sua amizade desfrutava
também foi chorada ,sua fama correu o mundo
o sertão se livrou do imundo,o diabo de roupa de couro
satanás que gostava do brilho do luxo do ouro
tinha e apele pelo sol queimada, o infame que só tinha um olho também uma pontaria invejada ,
descanse em paz lampião se aqui você retornar
Que venha com outra missão , sem essa alma selvagem
Sem ódio no coração
Que faço tudo ao contrario que fez nessa sua estada
Que a piedade do criador a ti seja manifestada

tom jobim ( Davi Salles )

Antonio Carlos Jobim


Maestro nada modesto ancora de um movimento
Uma musica totalmente nossa
Eu falo da nova bossa
bossa nova
Influenciou gerações ,festivais motivou revoluções
Rica em harmonia um som meio desafinado
Com um violão e um banquinho fez jus por todo Seu legado
Tom o chamavam assim, esse gênio Antonio Carlos Jobim
Não poderia ser diferente , esse homem que transbordava Poesia
uma voz que quase não aparecia
Mansinha tímida e melosa, compunha com sofisticação
No piano da sua sala sozinho ou com seus parceiros
Toquinho, Vinício e outros bons brasileiros
As letras nas melodias os acordes dissonantes os poucos se encaixavam
Nascia naquele instante a coisa mais linda mais cheia de graça
Que enchia teatros e as praças

Jobim apaixonado pelo seu jardim
Pelas suas rosas por suas mulheres
O canto dos pássaros, defensor da natureza
Tradutor da beleza conhecedor da riqueza

o rio de janeiro era o seu reduto
o Leblon a lagoa a Guanabara , endereços que eram a sua cara
com seu chapéu panamá o charuto esse compositor astuto
andava entre as pessoas com o seu olhar sempre atento
sabia escutar o vento a fala das ondas do mar
as coisas mais simples da vida Jobim tanto soube cantar
o amor era o seu carro chefe, da trova da sua canção
fronteiras seu talento rompeu
E mundo o que ele compôs de imediato se rendeu
Veio a consagração

Fez fortuna com o seu prazer
O oficio sem carteira assinada sem regras sem hora marcada
Que varava as madrugadas o prendia se tivesse de ser
A musica ele respirava , bebia se embriagava
O saldo desse casamento o mundo viestes a conhecer

o caipira ( Davi salles )

O matuto

Matuto caipira, pitando seu cigarro de palha .
O galo no quintal cantando suas vaquinhas do pasto ruminando
Vem mais um dia raiando

Logo Calça sua butina
Monta no cavalo ligeiro, e ruma pro o celeiro pega as tralhas
O arado os canzis, apetrechos dessa lida que te faz feliz.
No roçado cavucando a terra semeia o pão
Com a inchada nas mãos

Um sabia cantador. num pé de ingá pousou
Seu canto afinado mostrou, parecia ate um show
Para um somente espectador .
A majestade dos passarinhos, por ali deve ter feito o eu ninho
Para a alegria desse lavrador que todo dia bem cedinho
Tinha o prazer e o contentamento de apreciar esse momento
O recital a cantoria sempre sempre no mesmo andamento

Mais logo da meio dia, bastou olhar pra riba
E matuto com certeza já sabia
era hora da bóia de dona Maria


Morena de sorriso largo .formosa numa quermesse o matuto conheceu
logo a paixão se sucedeu e nunca mais dela ele se esqueceu
numa vaquejada, um belo dia no nada a morena reapareceu,
o matuto tempo então não perdeu
rumou pra casa dela,com seu terno amarelado. uma flor de laranjeira
seu discurso ensaiado
e o pai da moça a sua mão logo lhe concedeu
o casório foi na capela, a festança lá no rancho
muita comida na panela
o pessoal na comilança, e forro varou o dia
muita festa muita dança
o matuto e a cabrocha transbordando de esperança

de volta pro seu ranchinho pros braços do seu amor
Seu cachorro ligeiro,um velho perdigueiro ,com muita festa é sempre o primiro a receber esse senhor ao chagar na porteira da bóia saborasa e caseira ele já sente o cheiro do tempero que te conquistou
Lava o rosto,as mãos Calejadas, Maria sorrindo lá da janela
Já esperava toda perfumada enfeitada cheia de paixão

Na mesa farta .tem macaxeira . tem galinhada e feijão de corda
O matuto come com gosto o quitutes que tanto gosta
depois da cesta na sua rede ele volta para a plantação
labuta sozinho Pois seus meninos tão na cidade tudo num bom caminho
De analfabeto não vão ser não
Ta tudo estudando pra ser doutorar


É assim a semana inteira masi no sábado e dia de feira
e dia de Vender o queijo,qualho o leite tudo que na sua terra consegue tirar
A carroça abastecida dona Maria do seu ladinho e os dois cantando pelos caminhos
Hoje vai ver os compadres .tomar uma branquinha
Contar os causos, ver briga de galo na rinha
Montar a barraca lá na pracinha
Com a produção, comprou fogão ,que antigamente não tinha
era a lenha Geladeira ,e televisão , dona Maria fica com a filharada,
Na sala vendo novela e os artista bonitão
e nas meninas desperta logo a prosa namoro e de paixão
E o matuto na sua rede,olhando o céu todo estrelado ,parece ate que foi pintado Por um artista renomado
tanta beleza .tanto encanto . se ouve da cachoeira sua melodia seu canto

aqui a vida é sem correria ele se faz pescaria
enche o peito de ar puro todo santo dia
sem o progresso sem agonia
Nada te falta nada ele almeja , tem uma saúde que é uma beleza
Três filhos lindos que Deus mandou,
E o privilegio de se alimentar com tudo que ele plantou
desconhece a tecnologia a ganacia a violencia a covardia
lida com gente com a terra com a natureza com a beleza com a magia

Tenho Sede (Davi Salles)

Tenho Sede (Davi Salles)

Tenho sede, não só de água. Tenho fome, não só da carne que se come
Mas do saber, de abrir meu mundo, pra dominar
Temas, assuntos. Debater, ir lá para o fundo
Fazer valer minha opinião, tenho fome é de ter razão não só de pão.
Não sou doutor por opção, um autodidata com ostentação
Não desprovido de educação, do conhecimento e, do exercício da evolução
Sou aprendiz, entendo, compreendo, sem o diploma
Sem tantas honras, sem o canudo, eu ganho o mundo
Sou mesmo assim, rebelde, ousado, astuto. Nada me doma. Isso me toma
Sou contudo um obstinado, abençoado!
A minha sede me fez maior, eu tenho o dom do rouxinol
Do sabiá, bebo das fontes mais cristalinas, gosto do amor, da minha sina
Das mulheres, das meninas, eu sou guloso, teimoso, tinhoso, sou osso duro de roer.
O meu valor não tem escola, nem faculdade
O meu talento ninguém ensina, ninguém controla.
Tem propriedade, é singular, sem igual. Nasce do nada, brota do tudo,
E logo o mundo já cantarola este no rádio, na mídia, nos discos, nas vitrolas
Tem matéria, não tem didática, uso a fonética, a matemática, compasso jamais, a régua.
São frases, trocadilhos, quando passeio nas trilhas, nos trilhos, na estrada, nas ilhas, à noite, de dia, na madrugada.
Na teia, na veia, na bela e na feia, na moda no antigo
Proveito eu tiro, do negativo, do positivo do sim e até do não
Minha fala parece às vezes, mais um canhão
És minha trova, metralhadora compositora no parto, exteriorizo, vomito minha razão a vocação ponho pra fora, explicito, convido a emoção.
Traduzo as vontades, ansiedades do meu coração. Não só as minhas, mas de uma nação.
Abato a tristeza, puxo o gatilho, eu miro no alvo no meio, no seio sem pena e sem dó.
Afasto esse cálice da depressão, a minha sede me traz inquietude, me faz ser sozinho, mas sou livre como um passarinho que voa ao céu.
Passeia, dá volta e meia mais sempre pousa no velho ninho, sou diferente, sigo um caminho feliz contente.
Este presente vem lá de cima, me contamina, me foi dado, concedido, fui agraciado escolhido
No universo, no firmamento, sou personagem assim eu penso, e acredito não é bobagem confesso o meu papel, a minha história eu cumpro.
E vivo, represento sem maquiagem, tenho argumento
Sou inteiro e não pela metade, sem meio termo com a voz em punho. Com o peito aberto com alma leve, só tenho afeto na rua na vida, na cama, embaixo do meu teto que bem me faz essa minha sede.
Essa fome se mostra eterna, me consome, me deu um nome, respaldo
Deu-me respeito, me revelou, me transformou em alguém direito. Sou referência. Tenho uma marca, tenho estilo e em mim está impresso. Esse é o motivo do meu sucesso, meu marco, trago comigo, eu tenho urgência, e não demência. Sou sedento não só da carne, que se degusta,
Devora-se, defeca, evacua deteriora, se decompõe, apodrece, se joga fora .
Se não tem alma, a mim não venha! Veja lá fora, há tanta vida que até se embrenha, tem tanta flora, tanta beleza, que o meu olhar mareja e chora.
O sol que brilha, durante o dia na exata hora, ele se vai embora.
Se não tem sede, se não tem fome, de ser alguém.
Um homem, um garimpeiro, não só de ouro, prata ou de dinheiro e tesouro
Dessa riqueza material, tem muita jóia que é invisível, abstrata
Valiosa e fundamental. Algumas querendo eu cito agora

A humildade que é tão escassa e oportuna.
Mais ausente nos que desfrutam da fama e da fortuna.
A honestidade, que passa longe das autoridades, dos governantes... errantes.
Igualdade que deveria ser regra aos que trabalham aos que se empregam
Pagam o imposto.

A tolerância, que perde espaço para o oposto,
Quem entra em cena e a protagoniza é a ignorância.
A violência desnecessária, insana, falta de clemência, de paciência.
É um terremoto, guerra civil, é o fim dos tempos que já chegou.
Será que você não viu?
Então eu digo para ser sensível. Atento a vida pra dar o amor
Para que diploma, eu não preciso ser um doutor

  O CANTADOR DOS COSTUMES Davi Salles Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro Da voz grave de veludo Cantou o amor, os mistérios do m...