segunda-feira, 29 de julho de 2013

O desapego (Davi Salles) Desapegar-se é necessário por vezes é inevitável é natural Podem ser daquelas coisas do armário, das velharias do quintal Da herança, do inventario dos peixes do aquário. No nascimento o desapego se inicia, quando o ventre materno Expulsa a sua cria. há um corte da liga Da tripa da vida que o nutria, na incisão é descartada, exonerada da sua função. Na hierarquia vital da gestação ela cai de posição, é o desapego sem opção É chagada hora e o fruto vem à luz e chora. se apega ao peito na sua nova condição tão dependente, inocente apegado novamente e exposto agora à sua evolução Desapego de coisas nossas, dos dejetos, excrementos que evacuamos e vão pra fossa. Dos sentimentos, dos objetos das lembranças dos desafetos. que saíram pela porta o desapego da infância do ser criança, da gula que faz girar o ponteiro da balança . O desapago de coisas mortas do que que já não me importa Da ignorância que gera intolerância ,a discrepância a guilhotina afiada que corta Do poder que corrompe , a alavanca para arrogância, que faz morrer a confiança o desapego da sede do prato frio da vingança. O desapegar-se de quem se ama, quando não o temos mais na cama. Quando o desejo ainda se inflama ,o chama, e o coração chora e reclama. Desapegar-se de uma vida tida como bacana para o conforto dizer adeus dar uma banana. E residir e desfrutar da rustica e humilde acomodação de uma cabana O desapego da vida urbana, das metrópoles cosmopolitas. Do consumo dos bens duráveis, da mídia . das atitudes reprováveis da promiscua da sexualidade, sacana Da omissão e aversão aos miseráveis O desapego da orgia cotidiana, da apologia a submissão da religião que aliena e escraviza a não esclarecida e desfavorecida raça humana, da saudade que ficou. Do alguém que te preteriu do cheiro de quem amou e partiu Desapegar-se de quem te pariu. do ser que o seu olfato se acostumou em suas entranhas de fato você morou e se abrigou pois o seu copo te ofertou e ao desapagar-se te libertou fez a soltura no mundo de procuras e loucuras O desapego dos presentes e dos ausentes que já se formam Oque, foi dado de bom grado com tanto amor o desapego do que foi usurpado furtado, não te pertence por merecimento você roubou O desapego do futuro que não chegou e nem ira chegar. porque o tempo da relação já gerou o que havia de gerar O desapego das manias das coisas que viciam Dos medos, dos modos que te depreciam, de pensamentos insanos. Da nossa covardia. Da culpa doentia da consciência remota e tardia Desapegar-se do nossos enganos dos erros arrependimentos De alguns anos o desapegar-se da agonia da antipatia da vaidade do ser pernóstico sem humildade Da voz do orgulho que desafia e se divorcia verdade O desapego é um exercício da sociedade tem haver com caridade, filantropia. com dignidade, tem relação com castração pra quem se apega com paixão e tem com o apego um casamento e fidelidade uma união pra descartar para ceder, tem dificuldade, desapegar-se é ser mais forte é verbalizar e praticar o ser e não o ter. é ascender , crescer desenvolver a espiritualidade .

  O CANTADOR DOS COSTUMES Davi Salles Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro Da voz grave de veludo Cantou o amor, os mistérios do m...