domingo, 24 de abril de 2011

Máquina do Tempo (Davi Salles)

Eu te daria o primeiro beijo
E seria o seu primeiro amor, apagaria algumas cenas
Que certamente você mesma não apagou
Daria o ombro e o meu peito, beberia
Todas as lágrimas que um dia você chorou
Quem dera eu tivesse sido aquele que te deflorou
O homem que a primeira vez do seu corpo se apossou
Ah... se eu pudesse trazer de volta
Cada momento que um sorriso seu provocou
Cada alegria que o seu coração palpitou
Te ofertaria as fotografias que você não fotografou
As imagens que sua mente jamais deletou
Te ajudaria a perdoar, a quem não perdoou
Te levaria a um lugar que ninguém jamais a levou
Não deixaria você errar, para o arrependimento não te atormentar
Ah, se o tempo fosse como uma fita que eu pudesse rebobinar
Editaria a sua história como nos contos de fadas
Você seria minha primeira e única namorada
Minha lúdica e despretensiosa poesia, a ti seria ofertada
A valsa do baile de debutante, comigo seria dançada
A dor do seu parto por mim seria compartilhada
O tempo, às vezes, não quer dizer nada
Às vezes, em um segundo, muda o seu mundo
O rumo da nossa estrada, ao se dar conta, já nos perdemos
Ou encontramos a felicidade desejada.

domingo, 17 de abril de 2011

A carta de Leila Lopes

Ao ler a carta de despedida da artista Leila Lopes,logo percebi
Que se tratava de uma mulher sofrida, saudosista atormentada pelas lembranças.
Do seu passado glorioso, hoje vivenciando seu presente doloroso
Certamente Leila se sentia excluída, esquecida e injustiçada por aqueles que antes rendiam-lhe homenagens, frequentavam sua sala, faziam elogios, a assediavam, aclamavam e disputavam, ostentavam a sua companhia quando o ibope ela fazia subir.
Com suas formas perfeitas e sua beleza, vivia a exibir em sua atuação, em diversos trabalhos que nas novelas realizou.
Nos tempos de glória de alteza quando a fama bateu a porta e depois a abandonou...
A fortuna veio a cavalo, recepções nos endereços mais disputados, convites de figurões, contratos que te renderam milhões, viagens, um mundo encantado, ilusões...
Mercado traiçoeiro cruel, o que era doce transformou-se em fel.
Nos tempos de hoje, as tops (modelos famosas) roubam a cena e tiram de quem tem talento, conhecimento, um lugar ao sol, um papel...
Exibem suas formas esguias, anorexia da moda, em atuações medíocres
Relevam um despreparo e a total falta de aptidão.
Hoje é o que mais testemunhamos nos horários nobres da televisão, o tal pistolão.
Troca de favores, algumas noites de amores com os poderosos diretores
E está garantida sua estréia desastrosa.
Leila Lopes se suicidou, certamente, porque fizera aqueles filmes pornôs
A tal pornografia, por que não dizer putaria?
Quanto emprego ela procurou e não o encontrou?
Os mesmos que a aclamavam, hoje já não a recebiam, os amigos se afastaram, muitos a recriminaram pelas costas, falaram do seu sexo explicito!
Meu Deus, uma artista da toda poderosa globo, chegando ao fundo do poço.
As costas para ela muitos viraram, porém o filme compraram
Com as cenas se deliciaram e a ela jamais confessaram.
O moralismo hipócrita que se esconde entre essa classe, onde tudo se faz atrás da porta.
Tudo isso deve ter oprimido a alma desse moça, ao ponto dela querer parar de viver.
Foi o motivo para que se matasse, com a sua existência ela acabasse
Citou na carta que estava cansada de respirar, de ver o dia amanhecer, disse que merecia e seria perdoada por ter feito o que fez, porque estava indo ao encontro de Deus.
Relatou os seus feitos, sua generosidade e desprendimento com relação aos recursos que tinha.
Disse ter feito tudo direito e se despediu da vida de uma maneira trágica, equivocada...
O covarde jamais diria que ela estava desesperada, tinha dores que os médicos não diagnosticavam, a sua enfermidade doía de verdade, o seu espírito estava doente na realidade.
Pedia socorro e muitos nem desconfiavam, pois quem se importa em saber dos sofrimentos das celebridades.
As revistas evidenciam o luxo, os carros, os barcos, até o fracasso, mais quando se trata de estender a mão, ah isso não, não!
A imprensa, a mídia que expõe a glória, porque foi paga por um preço altíssimo, quando o assunto é acolher, é um fiasco!
Acham desperdício a partida de Leila Lopes...
Apontam os reflexos da sua alma ferida, autoestima destruída,
Pelas portas fechadas que levou na cara.
No período que, das telas e dos palcos, ficar afastada, quem fora rainha perdera a majestade, Juntamente com a jovialidade, com a aproximação da idade.
Trouxe com ela uma nova e triste realidade, ficou na lembrança a sua saudade.
Mas na verdade, o fato de ter se envolvido nesse mercado do sexo,
Certamente deve ter maculado a sua dignidade, internamente deveria travar uma luta com o arrependimento
O afastamento deve tê-la deprimido...
A pressão por ter de manter um alto padrão, consumir as roupas de grife, andar de carrão...
Essa pressão da sociedade que dita um estilo de vaidade e de ostentação Teve seu preço e um endereço, Leila Lopes acabou num caixão.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Exílio do prazer (Davi Salles)

Exílio do Prazer

Acabou quando conheci você
Para quê questionarmos o motivo de termos nos encontrado?
Se amanhã nem sabemos se estaremos acordados
Respirando, nos procurando...
Cada segundo é para ser devidamente degustado, vivido ao extremo
Naqueles momentos que, ao te ver, eu tremo.
Não fora obra do acaso, tudo tem um ciclo a ser cumprido
Determinado pelo senhor destino
Como um roteiro cinematográfico à espera dos personagens, dos protagonistas
Sempre se renasce como a fênix, das cinzas para as labaredas, para um novo molde
Outra anatomia para adotarmos novas filosofias,
Associarmo-nos a novas companhias, nos misturarmos e desfrutarmos de outras energias
Mesmo que os mundos sejam antagônicos, diferentes...
Que graça teria se fosse tudo tão previsível, normal, banal
Não me interessa a cronologia que nos separa, se está liberta de preconceitos
Não vejo o peso da diferença quando me afogo nos seus beijos
Quando estou em sua presença, não é ela que determina a sua falta
ou o vácuo da sua ausência
Quando te tomo e te domo do meu jeito, e me encaixo invadindo seu ventre
Quando lambuzo seu sexo e te levo ao céu bebendo seu néctar com gosto de mel
E ouço os gemidos, seus olhos que brilham, sua boca saliva molhada
Respiração disparada, depois de um retiro de abandono do prazer
Eu venho do nada e provoco, atiço e desfaço e amo você.
Lanço um feitiço e agora nisso voltastes a viver, a latejar, a acordar motivada a ser mulher
Plenamente, quente, fervorosamente loba, atraente...
Visivelmente mudada, notada dormindo e acordando de roupa molhada
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os pais da folia ( Davi Salles )

Dodô e Osmar eram dois jovens inteligentes, românticos, eloqüentes
Inventaram algo surpreendente, diferente, jamais se preocuparam com patentes.
Nos direitos da autoria da criação, nos deram de presente a maravilhosa invenção.
Fora uma revolução, um marco no âmbito da sonorização
Influenciaram e modificaram uma geração.
Um movimento com a microfonia acidental e um pedacinho de pau
O Axé music se fecundava, já era um embrião
Também nasceu algo fenomenal, um instrumento genuíno, original
Nosso brasileiro soteropolitano,totalmente baiano, sem igual
Dessa parceria abençoada, nascia a dinastia da família Macêdo
Prodígios, talentosos desde cedo, virtuosos por natureza.
Estrelas do carnaval!
Com uma herança genética poética de tamanha grandeza
Beleza pura.. dinheiro não, só a cultura, só emoção
Dodô e Osmar, os anjos da alegria, já foram para o andar de cima
Num lugar onde a vida nunca termina
Lá também certamente devem alegrar pierrôs e colombinas
Foliões devem ter confetes e serpentinas
Dizem que atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu
Se assim pensas, é um engano seu!
A fobica e aquela microfonia que uma dia aconteceu,
Originou um sonho que só cresceu e nunca desapareceu.
Transmutou-se numa velocidade, veio a modernidade
Quem diria Que a Caetanave evoluiria, resistiria e chegaria a essa idade
O palco ambulante ganhou o mundo e notoriedade, gerando empregos e oportunidades
Lotando praças atravessou o oceano,
Fez sacudir o esqueleto do americano.
A forca dos mega tons de potência que tem o DNA de dois baianos
O poder de entreter e misturar o sagrado e o profano
Os batuques, ritmos, os dialetos africanos, o rock, o frevo...
Chama gente, chame gente, quanta gente é a massa, é o bloco, é o povo.
É o camarote, é a vibração que se propaga do caminhão,
O caldeirão liquidificador dessa alquimia
Tem dendê nessa receita desses filhos da Bahia.

o sucesso ( Davi S alles )

O sucesso é um sonho que pode virar pesadelo
Se chegar muito cedo, vem a riqueza e também a exposição
Até do pão que vai a sua mesa, ele aniquila a sua privacidade
Das coisas mais simples tão logo começarás a sentir saudade
O tempo se torna escasso para usufruir o que foi conquistado
Questionarás a intenção de quem está ao seu lado
Se tornarás o foco das atenções
Serás o alvo da calunia, a mercê das opiniões
A mídia fútil e vazia que muitas vezes o seu talento sequer avalia
Mais noticia, com quem você dorme... o que faz no dia a dia...
Fazer sucesso às vezes é muito fácil .
Dar prosseguimento é que é difícil e infelizmente por tantas vezes ele é interrompido
Pelo deslumbre material, pela fraqueza diante dos vícios, desvio de caráter, pela deselegância espiritual.
O ego que se agiganta, quando se coloca o chapéu onde não se alcança
É comum perder a essência e a identidade, o carisma, a simpatia, a humildade
Ferir quem o ama de verdade, esquecer-se de onde veio por vaidade
Viver uma vida que nunca fora sua de verdade
Sucesso nem sempre traz a tão desejada felicidade!
Já vi quem o teve, mas nessa estrada se perdeu, capotou, colidiu, pereceu...
Se achou o tal, não percebeu sua arrogância, já estava fora do normal.
A sua intolerância já se escancara quando alguém o aborda
Sucesso de nada vale quando de você ele arranca tudo o que tem de bom
A boemia seca a fonte do bem maior, que é o seu dom
Veio de graça, fez lotar palcos e praças, te fez querido e admirado
Fostes aplaudido, aclamado e amado depois do feito alcançado
O tal sucesso que aqui é falado, te tornou um enjoado.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

a chuva ( Davi Salles )

Seriam as lágrimas de Deus pelos feitos dos filhos seus?
A mesma que vem para regar o chão e garantir a semeadura, a colheita do nosso pão
Tem apavorado e castigado a nossa nação
Por que o criador estaria tão triste com a sua criação?
Ao ponto de derramar tantas lágrimas, qual seria a razão?
Quem sabe a falta de conexão com os seus ensinamentos
Essa ausência de humanidade e sanidade que testemunhamos a todo o momento
Chacinas, carnificinas, maldades, falta de sentimento
Falsos profetas levando o seu nome em prol do próprio enriquecimento
O Vaticano com o seu luxo absurdo, a meu ver tão descabido
Colocando panos quentes nos casos de pedofilia, nos atos libidinosos
Consumados nas sacristias, pelos mesmos padres que aos domingos
nos confessionários lhe penitencia, ao terço ao rosário e sei lá quantas Ave Marias...
Condenam a homossexualidade em seus sermões, hipocritamente a repudiam
Mas na intimidade vivenciam e assim a Igreja Católica envergonha o globo terrestre
Parece exagero... até rebeldia, mas as estatísticas falam por si só, relato apenas o que o mundo noticia.
Será que a chuva em demasia não seria um alerta para tanta porcaria?
Quem dera pudesse lavar a alma e as mentes doentes desses homens indecentes
Que se viciam ou se corrompem tão facilmente
Ah, se a chuva pudesse alvejar as jogatinas e essa ganância do nosso sistema!
Colocaria de molho para quarar, nosso Congresso Nacional sem problemas
Pena que essa chuva não chega aos refrigerados gabinetes dos nossos intocáveis senhores parlamentares
O seu alcance não é igual, o que é uma pena!
Ela não ameaça os seus palacetes nos endereços nobres
Tem planejamento, é de outra qualidade, o cimento, o solo é firme
Não estão sujeitos a desmoronamentos, a chuva certamente escoa pelos seus jardins, desemboca nas galerias e vai transbordar nas vielas, nas favelas da periferia
Quem me dera essa chuva de palavras e rimas,fosse meu manifesto, inundasse aconsciência desses, que se eu fosse citar, usaria todas as letras do alfabeto
Enquanto não acontece, estou aqui observando a chuva que cai agora no meu canto
Quieto ...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Moraes Moreira ( Davi Salles )

Troféu Dodô e Osmar
Este Troféu prestou uma homenagem mais que merecida
Um mestre da música brasileira de nome Moraes Moreira,
Compositor de primeira
Nada mais justo para aquele que detém o título de precursor
Dessa música chamada Axé, que ele remodelou e modernizou
Sim, porque, foi ele quem primeiro sua voz colocou
Nos frevos instrumentais, nas marchinhas, afoxés, nos batuques,ijexás
há muitos anos atrás
Nos primórdios dos nossos carnavais
Eu fui testemunha ouvinte e ocular,
Estava lá nas praças com a massa também a me emocionar
Pulava como pipoca, encantado com aquela proposta
De se vocalizar o que, antes só ouvia tocar,
Os auto falantes vibravam e Moraes a versar
Com as guitarras baianas, sem saber que ele estaria ingenuamente e naturalmente
Mudando o curso da historia dos corredores da Lapinha, vitória nessa mistura
Que fez o país inteiro sacudir
Começavam ali tempos de glória, a expressão dos mangues e dos guetos
Viriam a eclodir e o samba e o regue viriam se fundir
Os brancos e negros, cruéis tentadores dessas multidões com cantores
Cantoras, compositores, hoje se manifestam por ti
Fazedor de hinos, fez menina, fez menino
Baluarte da cultura, nenhuma homenagem jamais estará a sua altura, porque
Sua obra não se mensura quão vasta, é também imortal quando ele se for
O seu legado e sua energia permanecerá gerando a alegria
Segundo Moraes, mancha de dendê não sai, fica na alma
É como suas canções nas nossas memórias, como sua poesia que questiona nos acorda só soma e subtrai a tristeza se ela vem
Não nos abandona, o seu toque genial, Moraes Moreira, é uma estrela primeira
Patrimônio e sinônimo de carnaval

segunda-feira, 4 de abril de 2011

GAROTA de programa

Garota de Programa (Davi Salles)

Dizem que toda mulher decente cobra para dar prazer
Só que de uma maneira diferente
A prestação ocorre em doses homeopáticas
Tipo um carnê do baú da felicidade
É um presentinho aqui, outro lá
Pede com jeitinho, te chama de benzinho e você dá
A garota de programa cobra adiantado?
É o toma aqui, me da cá!
Terror dos matrimônios, para as esposas, verdadeiros demônios.
Siliconadas, bem educadas, bonitas e bem treinadas...
Que além do michê, não cobram mais nada
Algumas entram no motel mudas e saem caladas
Têm tabelas variadas, preço específico para a prática desejada
Quem tem maior poder aquisitivo terá serviço completo
Uma simulação de orgasmo nada discreto
Uma ceninha bem interpretada e pouco convincente
Tudo para agradar o cliente carente
Que sempre reclama da esposa frígida, acima do peso, que fica em casa de calcinha furada, na frente da televisão vendo novela totalmente descabelada.
Ou daquela elegante, bonita, emancipada, e independente porém estressada
Por quê a puta que finge, arranca dinheiro e é tão desejada?
Se dependesse de mim todas já estariam aposentadas
Jamais pagaria por sexo, a conquista e a sedução tem de ser praticada
É fundamental! É o ponto tal para um homem normal.
Postado por Davi Salles às 04:02 0 comentários
domingo, 13 de março de 2011

  O CANTADOR DOS COSTUMES Davi Salles Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro Da voz grave de veludo Cantou o amor, os mistérios do m...