quarta-feira, 16 de agosto de 2023

 O CANTADOR DOS COSTUMES

Davi Salles



Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro
Da voz grave de veludo
Cantou o amor, os mistérios do mar e os apresentou ao mundo
Os nossos costumes, as tradições da Bahia
A lida dos pescadores, nossas manifestações e valores
A rotina, o dia a dia se eternizarão,
Na tônica de suas canções, na sua peculiar poesia
“O Samba da Minha Terra”a “Marina Morena” que se pintou
Mas, Caymmi não gostou
Entretanto, ele era também pintor
Dominava o pincel como o seu dom de menestrel
E no cabo da inchada, ele era coronel.
Dorival veio de um berço, um clã extremamente musical
Filho de Salvador, soteropolitano
Honrador de sua cultura regional, original
Tinha a África no seu genoma
O seu sangue era negro, afro e português
O som da cabaça, do arame, do berimbal, da capoeira colonial
A negritude e a simplicidade, eram suas virtudes
O orgulho de sua raça
A etnia escancarada, no tom de sua pele e pelo sol dourado
Devoto dos orixás.
Dorival era difusor do baianês
Tinha olhos claros, da cor de esmeraldas
Suas joias ficaram aqui, eternizadas e para serem cantadas
Interpretadas pelas vozes saudosas e agraciadas
Caymmi era do Candomblé, de Terreiro
Onde ele fincava o pé
Tinha a proteção, a benção da Mãe Menininha do Gantois
Que por ele tinha muito zelo
No vai e vem das ondas do mar
Ouvia as melodias
O canto das donas das águas, Yara, Iemanjá
Para a partitura, transferia seu toque particular
Foi caixeiro viajante e, do violão logo se tornou um amante
Criou um estilo todo seu
Caymmi e suas canções praieiras
Falavam de embarcações a jangadas
Das partidas e chegadas
Das caboclas apaixonadas
Dos quitutes, das cantigas de roda
Das lavadeiras, benzedeiras bronzeadas
Do abará, carurú, vatapá,acarajé
E o trabalho que dá pra fazer que é.
Caymmi das missangas coloridas, da maresia, das marés
Fitinhas protetoras do Nosso Senhor do Bonfim
Do mingau de carimã, do azeite de dendê
Da moqueca de mariscos
Com leite de côco, dos coqueiros de Itapoã
Sua baianidade era natural, nagô
O que é que a baiana tem?
Caymmi falou e disse.
Desmistificou muitas lendas e crendices de São Salvador
Foi recebido de braços abertos pelo Cristo Redentor
Quando ao Rio de Janeiro chegou
A música de Caymmi embala trilhas sonoras de novelas
E os sonhos de muitas cinderelas
Relatou as curvas da mais formosa Gabriela
A cravo e canela, musa do romance de Amado Jorge, escritor.
E, da árvore de Dorival brotaram frutos cantantes
Vozes como a dele, quão marcantes da música popular brasileira
Suas crias também são bandeirantes
Perpetuadores de sua herança
Dori, Nana e Danilo, também músicos trovadores
Com destino atrelado ao legado do seu mestre inspirador
Dorival hoje habita o céu
Fisicamente aqui não mais está
Sua marca é uma barca
Uma jangada que balança, pra lá e pra cá
E, jamais naufragar!
E, jamais naufragar!

terça-feira, 15 de agosto de 2023

 O CANTADOR DOS COSTUMES

Davi Salles



Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro
Da voz grave de veludo
Cantou o amor, os mistérios do mar e os apresentou ao mundo
Os nossos costumes, as tradições da Bahia
A lida dos pescadores, nossas manifestações e valores
A rotina, o dia a dia se eternizarão,
Na tônica de suas canções, na sua peculiar poesia
“O Samba da Minha Terra”a “Marina Morena” que se pintou
Mas, Caymmi não gostou
Entretanto, ele era também pintor
Dominava o pincel como o seu dom de menestrel
E no cabo da inchada, ele era coronel.
Dorival veio de um berço, um clã extremamente musical
Filho de Salvador, soteropolitano
Honrador de sua cultura regional, original
Tinha a África no seu genoma
O seu sangue era negro, afro e português
O som da cabaça, do arame, do berimbal, da capoeira colonial
A negritude e a simplicidade, eram suas virtudes
O orgulho de sua raça
A etnia escancarada, no tom de sua pele e pelo sol dourado
Devoto dos orixás.
Dorival era difusor do baianês
Tinha olhos claros, da cor de esmeraldas
Suas joias ficaram aqui, eternizadas e para serem cantadas
Interpretadas pelas vozes saudosas e agraciadas
Caymmi era do Candomblé, de Terreiro
Onde ele fincava o pé
Tinha a proteção, a benção da Mãe Menininha do Gantois
Que por ele tinha muito zelo
No vai e vem das ondas do mar
Ouvia as melodias
O canto das donas das águas, Yara, Iemanjá
Para a partitura, transferia seu toque particular
Foi caixeiro viajante e, do violão logo se tornou um amante
Criou um estilo todo seu
Caymmi e suas canções praieiras
Falavam de embarcações a jangadas
Das partidas e chegadas
Das caboclas apaixonadas
Dos quitutes, das cantigas de roda
Das lavadeiras, benzedeiras bronzeadas
Do abará, carurú, vatapá,acarajé
E o trabalho que dá pra fazer que é.
Caymmi das missangas coloridas, da maresia, das marés
Fitinhas protetoras do Nosso Senhor do Bonfim
Do mingau de carimã, do azeite de dendê
Da moqueca de mariscos
Com leite de côco, dos coqueiros de Itapoã
Sua baianidade era natural, nagô
O que é que a baiana tem?
Caymmi falou e disse.
Desmistificou muitas lendas e crendices de São Salvador
Foi recebido de braços abertos pelo Cristo Redentor
Quando ao Rio de Janeiro chegou
A música de Caymmi embala trilhas sonoras de novelas
E os sonhos de muitas cinderelas
Relatou as curvas da mais formosa Gabriela
A cravo e canela, musa do romance de Amado Jorge, escritor.
E, da árvore de Dorival brotaram frutos cantantes
Vozes como a dele, quão marcantes da música popular brasileira
Suas crias também são bandeirantes
Perpetuadores de sua herança
Dori, Nana e Danilo, também músicos trovadores
Com destino atrelado ao legado do seu mestre inspirador
Dorival hoje habita o céu
Fisicamente aqui não mais está
Sua marca é uma barca
Uma jangada que balança, pra lá e pra cá
E, jamais naufragar!
E, jamais naufragar!

 O AMOR, NÃO TIRA FÉRIAS!

Não se tira férias do amar!
O amor não se aposenta, é um operário exemplar
Não se afugenta do seu ofício
Seu ócio, é o seu abstrato
Ato de fazer você sonhar
Jamais será sacrifício, um desperdício
Unir, encantar, laçar.
Quem dera esse fosse o exercicio o vício, de quem o joga no lixo
Seu idioma é no toque, nas pulpilas dos olhares
Para os que assumem o que sentem não são personagens
E mandam o medo para o buraco negro
De onde ele saiu
Medo de amar, onde é que já se viu?
Para que veio aqui?
Porque quer respira?
O que é que te inspira?
Se você não tem mira, sem amor, sua vida é uma mentira
É uma roda-gigante que não gira.
É pelo amor que podemos perdoar
Por ele podemos o outro lado enxergar
Entendermos a passividade de errar
Se confundir, bater as asas, ate voar
Para longe de alguém, que te oferta o melhor.
É por ele que abriremos os braços
Para quando esse mesmo alguém retornar
O amor não tira férias, não te deixa só.
O amor te toca, é o parafuso e a porca
Feitos para se enroscar
É a liberdade, é a porta
Quando vem a vontade de caminhar
O amor não tira férias, é initerrupto seu turno é noturno, é matinal
São os anéis de saturno,
É a vacina sem agulha, é o remédio natural
Em doses homeopáticas, moderadas sejam em overdoses
Ele nunca te fara mal, o amor é incomensurável, inquebrável, inoxidável
É abandonável pelos que esquecem de acordá-lo pela manhã
Abrir o peito, e fazer o convite:
Entre amor, more em mim, habite-me.
Davi Salles

 Berços de esqueletos

Davi Salles
Ninguém nasce racista, preconceituoso. A sociedade, separatista, ensina a ser snobe, ter alma pobre, elitista, um caráter defeituoso e não importa o que você faça, se tem o vinho mais caro envelhecido em sua taça, aquele que descrimina vai ter o destino igual ao seu serviçal, quando tudo lá no final termina.
Preconceito é como glaucoma, ele não deixa a alma do outro enxergar, se aproximar, brilhar ver sua soma e o que julga não ter valor, nem algo a acrescentar, e não poder o mesmo ambiente que você frequentar, pela sua aparência, a humildade e a localidade da sua residência, saiba que a sua essência poderia na sua história fazer tanta diferença, a sua pele escura, sua linhagem, os simples trajes, talvez por não ter tanta cultura, nada contagioso, a doença é sua, seu preconceituoso!
Índio, negro, branco, amarelo, quando debaixo dos sete palmos no silêncio dos cemitérios, só restam os esqueletos alvos.
Lá, que não é uma nota musical, só jaz dentes, poucos cabelos lisos ou crespos, e fibras das roupas remanescentes de grifes ou as compradas nos balaios de uma promoção.
Nelas, só o sal das lágrimas de alguns, derramadas pela comoção e a derme branca, barreira-símbolo do Apartheid, escureceu apodrecida, o parasita guloso, nada preconceituoso, nem é racista, a comeu e nada mais dita.
No mausoléu, o preconceito será silenciado, mudo democraticamente, igualado ao mesmo nível de altura e profundidade, no mesmo endereço que vive a morte, os decompondo no mesmo espaço, no mesmo berço, só mudam as flores, as dores, coroas bem decoradas, as pedras lapidadas dos jazigos, alguns de mármore outros de granito, o preconceito do rico paga caro para morrer bonito.
É findada toda a diferença social. Morre ali a ilusão de se achar imortal, que ao seu semelhante perante a ti não é igual, que és o tal, intocável, invulnerável, gente fina, superior a quem te servia na beira da piscina, agora não chora, não rir, não implora, não mais discrimina, que dirá pedir perdão. Só sabe que o carro belo não coube em seu caixão.
Quantas paredes todos os dias são erguidas com tijolos de preconceito? Criando muros nas relações? Quantos romances são arrancados, desfeitos, tirados de dentro dos apaixonados? Amor é imortal, multe-cor, é professor, é doutor, gari… O amor é carteiro é astronauta, te leva à lua, tem visão de raio x, te enxerga nú ou nua, independente dos bens que possua.
Não é o seu diploma, a bebida destilada e cara que te faz um ser melhor. Quem prejulga, humilha, acha que está por cima, amanhã vai lá para baixo. E, quando o perfume importado ou aquele barato do mercado já estiver vencido, evaporado, o odor da putrefação da carne o tiver superado, verás a revelação da igualdade, irás feder e virar pó e, perceber qual é o destino real de toda humanidade.

 O SOL DA MINHA (Davi Salles )

O sol da minha vida brilha nos olhos do meu amor
As minhas histórias sofridas, meu desalento descontentamentos
Ela, involuntariamente tão de repente se apresentou
E, disto tudo, instantaneamente me curou.
Meu olhar tristonho, minhas madrugadas frequentes sem sonhos
De todo meu fel e amargor…
O teu sorriso lindo foi me seduzindo, me colorindo
A minha página em branco, como aquarela
Abriu a tranca da minha cela
Enfim surgiu à tampa da minha panela.
O sol da minha vida é também a lua da minha noite!
O sal de minha comida
Bate forte em mim, sem açoite
O álcool de minha bebida
Minha droga lícita e permitida
A overdose benéfica e prazerosa
Que me alucina e me enlouquece.
O sol da minha vida é também a lua da minha noite!
É a maça do amor mais doce
Púrpura e cobiçada da quermesse
Meu encontro sem despedida, é a entrega sem limites
Na cama, ficamos quites, é o endereço da paz sonhada
Sem trégua sem desquite
O sol da minha vida é corpo da minha amada
E suas formas abençoadas
Que por mim são degustadas
Onde eu me perco, onde eu me acho
Quando abocanho os seus seios
Quando me atiro e ganho o seu abraço
E digo: te amo, sem rodeios.
O sol da minha vida é também a lua da minha noite!
Sem ela não sei o que faço
Com a bela não aquieto o facho
No começo, no fim e no meio, é fogo é brasa
Química, matemática, sua geografia é fantástica
Por mim já fora desbravada
E essa soma, remete a doma.
Que te faz minha dona, não me abandona essa retórica
Dos verbos, da gramática, é bela simpática.
O sol da minha vida é também a lua da minha noite!
Eu mereço, pois paguei o preço da longa espera, até sua chegada
Estava na caverna do Batman, escura, sombria, apática, estática
Ao Abrir a janela, vi a luz da alvorada
O nome dela jamais direi, pergunte a ela
Não é Maria, Luzia, nem Fátima
Da minha Ilhéus é a Gabriela
Dos romances, contos de fadas. Minha Cinderela
O sol da minha vida é aquela, que coloca dentes na minha boca bangela
Saída de uma viela
O sol da minha vida é também a lua da minha noite!
É o sim do meu não, é a lava incandescente do vulcão, as asas do avião
O êxtase, a eclosão, na estrofe do refrão
O sol da minha vida é minha paixão
O estampido do rojão
Escuto o ranger das molas colchão
Não a esqueço um só segundo
Amor absoluto, e quando esta no meu mundo, é o extermínio perfeito da solidão
O sol da minha vida

 O amor perguntou para o ódio, porque ele não experimentava amar? E o ódio respondeu:

- Eu tenho medo de você! E no que eu, amando, posso me transformar. Não quero virar passarinho, me engaiolar, ficar bobo, feliz, para alguém me entregar. Viver sorrindo à toa, e depois lágrimas derramar, não quero me sentir metade, faltando um pedaço.
O amor insistiu em indagá-lo, e ainda mais, querendo persuadi-lo falou:
- Mas ódio, a vida sem mim é tão sem graça! Como você irá se emocionar com uma bela canção? Ter piedade? Compaixão de alguém faminto, dormindo num pedaço de papelão? Sabia que perdoar, faz mais bem para quem concede o perdão?
Eu sou a cura para o rancor, mágoas, e tudo o que há no mundo, ligado ao desamor. É por causa de mim, que os olhos brilham na escuridão. Ódio, eu sou chuva no canteiro da saudade, faço os românticos loucos, encantados, ao virem simplesmente um pôr do sol, num fim de tarde. Odiar, adoece o bem dentro de ti, não amanhece. Amar é remédio! Veja se disso, não esquece.
O ódio perguntou:
- Amor, você quer namorar comigo é? Perdeu a noção do perigo?
O amor respondeu:
- Deixa eu entrar dentro de você um pouquinho, só para te sentir. Prometo que vou sair logo, e bem rapidinho...
O ódio desconfiado, ainda relutante, pensou, pensou, mas revolveu permitir, que o amor adentrasse em seu ser.
- Está bem amor! Mas só um pouquinho! Não quero me contaminar com essa sua bondade e essa doçura toda! Deve dar diabetes, e eu morro de medo dessa doença! Dessa peste!
Assim que o amor entrou, o ódio caminhou quase flutuando até sua casa, e ao abrir a porta, automaticamente foi abraçar o seu pai, a quem ele não dirigia a palavra há um ano, acho eu, até muito mais! Assim que abraçou seu pai, beijou suas mãos, e também carinhosamente a testa, as lágrimas do seu genitor, ao caírem pela sua face, com expressão de surpresa, o ódio as bebeu! E se espantou, pois elas tinham sabor de mel! Em seguida, ao dar o primeiro passo, ele se sentiu vários quilos mais leve.
O ódio saiu e foi ver o mar, sentiu uma vontade enorme de cantar! E ao amanhecer, o ódio despertou de uma noite revigorante de sono, com uma tez bonita na pele, e duas estrelas na face, que eram o seu novo olhar.
O amor estava olhando para ele, e sorrindo. Deu-lhe um sonoro e alegre bom dia!
- Amor, você já saiu de dentro de mim foi? Mas eu estou tão bem! Nunca me senti assim! Volte para dentro de mim, por favor! Volte!
E o amor respondeu:
Eu ontem, fui no fundo da sua alma ,no solo do seu coração e plantei minha semente, e as lágrimas do seu pai, que você bebeu, a regou, e a geminou, porque você o perdoou verdadeiramente. Agora é só você continuar regando, o bem praticando, amando, e os frutos do amor, irá continuar provando, e oferecendo, a quem o seu caminho, estiver cruzando.
A gente se vê! Davi Salles.

A  mulher é gota da lágrima de um choro, da mais sublime emoção de Deus!

É aquele cais! é porto seguro! é solo fértil!
São divindades humanas, dos ventres abençoados.
É de uma mulher que o bem, e a paz, naturalmente emana!
São telas, obras primas mais perfeitas e mais belas!
Para qualquer plebeu, que um beijo ele deu, tornar-se princesas, Cinderelas, estrelas dos tetos, dos lares.
Mulheres fazem poetas, até os analfabetos!
São colmeeiras, é dose de paixão, aquela explosão, nos dão uma artéria a mais no coração. É a alquimia e a receita!
Um homem só se sente inteiro, verdadeiro, quando com uma mulher, a primeira vez ele se deita. E se torna voluntariamente escravo, dependente e refém sequestrado, mas sem querer ser resgatado dos seus cuidados, da boca que abençoa quando dá bom dia.
Quando ela diz do fundo da sua alma: Te amo! com verdade, alegria, com olhar de força quando, amada, bem tratada, para ele está olhando...
O corpo de uma mulher é um aeroporto para pousos de sentimentos, decolagem de sonhos, é exemplo de dedicação, de amizade.
Mulher é também sensualidade, mar de volúpia, loucura, desejo, fissura. Dentro do seu interior, é onde a vida, o amor é perpetuado!
E quem, por uma mulher nunca esteve completamente apaixonado?
Não tem a sua memória afetivamente tatuada com arco íris, chuvas de estrelas, a pele arrepiada? Uma saudade crônica e mal curada? Teve a felicidade de ver refletida na sua retina, essa beleza cheia de nobreza feminina?
A mulher faz do abstrato um fato, feto, um oceano, sem engano, um planeta de afeto.
Para a mulher, faço esse e outros milhões de versos.
Porquê sem flores, qual o beija flor que visita um jardim? Sem mel, sem perfume?
A mulher é anjo disfarçado de namorada, esposa, amante, de mãe.
São o norte, o farol na escuridão da nossa jornada. Mulher é leme da nossa jangada!
É todo dia o seu dia! é toda hora a sua hora! é eterna a sua glória santificada.
Mulher muda a nossa história, com a sua meiga oratória, a partir da sua chegada.
A gente se vê! Davi Salles.
Eu jurei que não vinha .
Estou aqui com Deus conversando
Apesar de nordestino um forte
Não estou mais suportando
Nessa peleja de só viver chorando
A saudade comigo dormindo e acordando
Meu sono me abandonando
Ficando quase nada tão pouco
E quando ele aparece e meu corpo cansado adormece
logo já estou sonhando
Com a minha casinha de reboco
Com galinhas ciscando no quintal
Comendo as sementes do milho que eu semeava
Regava e colhia no milharal.
Nos meus ouvidos zunindo ainda o mugido
Das minhas vaquinhas ruminando
O capim do meu no curral .
Que falta danada que eu sinto do meu lugar
De tanta beleza simplicidade, mas a felicidade eu sei mora é lá
Nunca mais vi seu rosto depois
Que aos prantos amuado a contra gosto
vim pra cá, e era pra vida melhorar
Os calos nas mãos estão inté sumindo já
Minha pele começando a clarear
E meu coração escurecido de doer não quer parar
E dessa doença chamada saudade
Minha alma com esse vazio que me invade
Não vai se curar
Parece que de mim tá faltando um pedaço
Uma perna um braço sei lá !
Nem lembro o dia que eu sorri
Depois que partido tive que do meu abrigo partir
Que falta me faz um abraço
Ando me procurando e já não me acho
Fui acostumado com outra rotina
Nasci foi montando cavalo ,pegando no laço
Vendo carro de boi gemendo e achando bonita e perfeita minha sina
Aqui é estampido de bala perdida
E gente morrendo e uma história termina
Usava botina , ao em vez desse sapado
Engraxado que gasto vagando por essas estranhas
E violentas esquinas
Meu chapéu de vaqueiro e o gibão
lembro com lagrimas nos olhos e tanta emoção do cheiro
Do tempo que eu era feliz e vaqueiro
Do tempo que era tropeiro peão
Essa gravata junto com a tristeza me sufocando
Tirando minha graça, e o meu olhar se apagando
D encontro ao chão ,me sentindo numa prisão
Nessa imensidão de concreto
Como um sabiá na gaiola mudo sem seu belo canto
A seca me expulsou do meu encantado mundo
Que dele não me esqueço nem mesmo um só segundo
Do meu ninho abençoado ,aqui nem sei o nome do meu vizinho .
Sua cor o seu sobrenome o que bebe e come se gosta de cachaça ou de vinho se é solteiro ou amancebado .que falta me faz um abraço A minha gente o meu Povoado de falar do meu jeito certo que dizem que é errado sem benção da minha mãezinha Ô meu Deus já vai pra mais de anos que a Seca tirou tudo que eu tinha e eu apaixonado agarrado como raiz na minha terrinha Jurei de pé junto que pra cá virar um vivo defunto eu não vinha .

Davi Salles 

 Amor à primeira vista .

Eu ainda menino franzino num dia
Que parecia que seria comum de sexta feira
Da varanda da casa grande de repente passou pela porteira.
Da fazenda duas forasteiras.
Uma mais velha e bonita demais da conta
E na carroça tinha uma galega bem mais moça
aplumada numas trouxas de roupas
Atrás uma cabrita amarrada com as tetas gordas
Umas panelas ariadas brilhando batendo uma na outra tilintando
E também anunciando as suas benditas chegadas .
Era de uma belezura a criatura os olhos dois pedacinhos do céu
vi por de baixo do meu chapéu ela me olhando ressabiada
Acho que já imaginava que eu era filho do patrão
Do coronel mais rico da região .
Meu corpo queimando pensei que estava me resfriando
Mas era o vírus da paixão me contaminado.
Na brisa mansinha o cheiro dela eu sentia
Na troca de olhar eu já era dela e ela minha todinha
No cavalo do primeiro montei na cela
Achei a tampa da minha panela tinha certeza
Que estranha brejeira, a gata borralheira
Tinha chegado aqui foi para virar princesa
Ela tornou-se sol do me verão meu cobertor
pro meu frio o trigo pra fazer meu pão.
E desde então nos pastos verdejantes agente se embrenhava
de mãos dadas nos riachos inocentes como chagamos ao mundo
Nossos corpos se banhavam demos um nó que nada e ninguém desatava .
Forte como aço esse sentimento Todo o tempo
Era tempo para os nossos momentos
como uma chaleira o desejo fervia fumegando
logo como a sua matriarca ela estava cheia de curvas
formosa cheirava como uma flor exalando sensualidade
a peonada com ela querendo namoro intimidade
Eu enciumado como um touro brado
No auge da nossa puberdade louca alucinada pela beldade.
Vivia morrendo de uma vontade que já era mais que necessidade.
Então num fim de tarde veio o primeiro beijo na boca,
Ela lavando a louças botei lenha na fogueira
Como da primeira vez que ela aqui chegou e passou por aquela porteira também era uma sexta-feira
A noite caiu do beijo eu não me esquecia
A lua cheia prateava a serra e depois que provei dos seus lábios aquele doce de mel, do balançou a roseira do meu juízo e eu disse pra Deus essa mulher eu careço mereço e preciso!
Não quietava o facho só pensando na minha donzela
Lá em cima e eu cá em baixo . e ela debruçada no peitoril serenado gelado vendo o céu todinho estrelado da janela
O sono não me procurava, então de mansinho nem pianinho
Entre nos aposentos da bela por trás arrochei um chamego, cafunguei no seu cangote sussurrei um eu te amo com a voz embargando em total desatino no auge do seu desejo feminino
Ela perdeu o prumo com o que estava sentindo o vestido de chita estampado desabotoei até o último botão .
E aquele corpo que via nu no riacho agora tão mudado
Era como um retrato da beleza uma perfeição
Um divino traçado de Deus num momento de total inspiração.
Pra mim ela entregou a castidade a pureza que guardou
Me amou com toda sua paixão .
Então eu tinha que fazer meu papel de homem honrado
Botar no seu dedo um anel comprar um vestido
Com grinalda e véu ser seu príncipe encantado
E assim no dia seguinte antes do galo cantar café com meu
Par eu fui tomar E pedi sua mão pra mãe dela o consentimento
Pra nos abençoar .
E logo depois o vigário casou nós dois na capela da fazenda
Aquela mulher que anos atrás avistei da varanda
Hoje uma senhora a chamo de minha sogra agora
Nunca tivemos uma contenda .
avó dos meus filhos mãe da meu tudo a cor do meu mundo
é o melhor dos meus dias me veste de alegria
a cada segundo. É trilho pro meu trem passar
A rima desse meu cordel de emocionar .
água pura e cristalina pra todas as minhas sedes matar
A ela sou fiel a luz dos meus olhos
É a vida que na minha põe vida e me faz bem
E até o meu derradeiro dia de respirar
Nenhum outro corpo o meu irá tocar
jamais outra boca vou beijar
Porque sua metade sempre inteira me fará
Mesmo com as portas sempre abertas com asas
Crescidas e completas jamais pra longe desse amor eu vou voar .
Davi Salles

 O dono dessa banca

O humor é um dom, mas no estado do Ceará macho! eu acho que é uma chuva que cai sem parar, é uma ruma de comediante até a beira mar. O humor vira sobremesa, aperitivo com a cerveja do bolo a cereja nos restaurantes o povo da cabeça grande achatada, não fica aperreado, melancólico é por nada. Vive dando e fazendo o povo dar risada . e foi de lá que saiu o papa desse clero jocoso que a tristeza dos amuados exorcizava.
Chico Anysio era humorista, ator, radialista, dublador, escritor, pintor e um exímio roteirista. Viu só o tamanho da lista? Saiu de Maranguape para o estrelato. No rádio o caboco ganhava o pão na cidade pequena já era uma celebridade, dava falação . seu espaço merecidamente conquistava numa velocidade, mas o cabra era grande demais esse home seu menino ! para ficar somente naquela localidade. O seu talento tomou fermento engordou e para as telas onde antigamente só passava notícia e novela logo o migrou. Saiu do seu Cariri, para fazer o Brasil oprimido pela ditadura sorrir escrevendo roteiros, lotando teatros, encantando plateias com suas anedotas e o seu toque de Midas. inteligente ganhou dinheiro. Chico gostava do matrimônio de uma Maria Bonita, assim como o mais famoso dos cangaceiros. Fez fama e também talentosos herdeiros, nunca ficou metido a besta assoberbado, achando que tinha um rei na barriga como esses abestados desavisados cheios é de lombrigas.
Anísio era a generosidade em persona, de diamantes brutos esse garimpeiro os lapidava, mostrando o seu valor, esse era Anysio o professor Raimundo da Escolinha. Ao anonimato, de quem tinha talento ele botava fim.
Charles Chaplin lá do estrangeiro ficou famoso no mundo inteiro com um só personagem, mudo e calado que usava a expressão do rosto.
Mas nosso Chico o brasileiro matutou e inventou quase trezentos! nenhum se parecendo com o outro, Chico os incorporava e para eles, seu corpo e a sua alma iluminada doava. Parecia era outra pessoa quando para a câmera ele olhava e o grande show começava. atuando, representando, caracterizado, todo mundo ficava encantado, boquiaberto, encafifado com a força e o resultado, a identidade de cada criação, o texto a composição, os trejeitos a personalidade, tinham polos extremos a sua criatividade.
Que da sátira do baiano, baitola, macumbeiro Painho, ao veio Zuza, que soprava fumaça do seu charuto, tinha o feioso Nazareno, e o caolho mentiroso Pantaleão, o ator atrapalhado Alberto Roberto, vaidoso que só fazia confusão, o Bozó, que na Globo dizia que era o figurão o manda chuva não aguentava ver um mulherão, o ranzinza Popó que judiava de Almerindo. o pastor Tim Tones, a socialite Salomé, Tavares, Silva o gostosinho, Gastão o pão duro, Aroldo a maricona bichona tentando ser machão, no Quest da pesada ainda coalhada que não jogava nada, tomava uma cana danada, estrelas da televisão da divertida e sortida programação.
Nosso Senhor Jesus Cristo por esse cidadão, certamente tinha uma escancarada e declarada predileção, e na cabeça grande de Chico Anysio com certeza Ele um dia ele pôs a sua abençoada e milagrosa mão. Chico nunca botou seu nome na lama, não foi fugaz os seus personagens marcaram nossas memórias, hoje frescas e agradecidas, apesar de tanto tempo eles ainda sorrir nos faz.
Esse legado é um tesouro que não se derrete como prata nem ouro e tanto que quando se fala a emoção abre as janelas do choro, Mas o mestre não gostava de melancolia, seu espírito tinha as asas da alegria, enquanto vivo ele estava só trabalhava, criava e pintava escrevia, sorria, era assim que ele queria era assim que ele vivia.
Aqui fica o coração da gente numa overdose de saudade, veemente o respeito, o orgulho dentro do peito, desse nordestino das terras de praias lindas, de jangadeiros da inteligência santa, assim como tantos sertanejos de valor e relevância, como o dono de Asa Branca, Chico Anysio como se diz no popular é foda ainda é o cara! o dono dessa banca...
Davi Salles

 Vinho ROSÉ

A mulher madura de hoje em dia
Usa calcinha de renda minúscula e sensual
Nada comparado àquela gigantesca
Cor da pele broxante, sem glamour e sem sal
Ficou pra trás aquela figura da senhora assexuada
pudica, reprimida e formal
mulher madura de hoje em dia põe Botox , silicone no peito
Faz preenchimentos, transa sem sentimentos
Assume sem culpa o seu lado carnal .
Cagando e andando pra falsa moral
O clichê que panela velha é que faz comida boa
Mulher madura hoje namora, tem amante,
Fica! Tem Amigo colorido da metade da sua idade
Dá até umas pegas no brother do seu filho
E ninguém vai dizer que ela precisa come milho .
Escolhe se quer prazer ou romance
Ou do lance o amor que dizem que é o que fica
Sem síndrome de Cinderela Já não necessita de Adão
De romeus Grudados em sua costela
Outrora, nessa faixa etária Crochê, tricô e fuxico fazia
se desejo tivesse automaticamente o reprimia
A sexualidade sublimada Esquece: o medo lhe dizia
Então o fogo que queimava o povo condenava
Isso é coisa de velha assanhada , vadia
E comungava da seita do aceita ,de ser mal amada e insatisfeita
Em sua alcova de calcinha ensopada adormecia
E na seca de amor despertava
Seu cônjuge e os padrões de outrora radicais
Não admitiam uma mulher trabalhar fora nem votar
Tinha que ser do lar ,lavar passar cozinhar
de cabelos presos em coques E nada de blusas com decotes
Na intimidade nem ficava completamente nua
Seduzir, atrair, se exibir era pecado
Coisa que seu macho adorava, mas com as mulheres da rua
Quando se masturbava e se aliviava
O seu ato intimo teria que ser confessado para o boiola do padre
e na sua cama ser mulher fêmea era quase um milagre
A santidade dizia que ela tinha de exorcizar do corpo os demônios
Que na verdade nada mais era a sua plena saúde a presença dos seus Abençoados hormônios .
Mulher madura ainda Toda Boa ,tinha que ser mãe, avó ,e santa ,na cadeira de balanço suas fantasias ninavam para adormecerem em descanso eterno e pensar sexo a boa e gostosa putaria, quem disse podia?
Para os Quintos do Inferno era excomungada
O leito era para o sono e seus sonhos podados
Antigamente mulher tinha dono, parecia objeto
Moeda de troca um negócio familiar, uma mercadoria
seu pai um generoso dote para o pretendente
que a casa a levasse urgente até oferecia .
Para dela se livrar, filha mulher ninguém queria
Era um varão que todo pai pra Deus pedia
A parideira para lhe dar filhos se não obedecia apanhava
Seu marido de Senhor ela chamava ,Tinha pavor do abandono
De ser mulher divorciada, separada, rotulada, mal vista e mal falada .
A mulher madura de hoje em dia manda na fruta
Que tem embaixo da sua cintura é provedora do seu lar
Dona das suas vontades vai para a balada, dança, bebe e chega cedo ou tarde Faz tatuagem, sacanagem sexo ou amor ,ela quem decide se está namorando ou se o cara só pegou
E se pra quem ela deu no outro dia não liga?
Ela nem está ligando !
Dá uma banana bem grande para quem está a criticando
Manda todo mundo para puta que o pariu
Mostrando o belo que antigamente escondia ninguém viu
Os atributos que a anágua cobria
E Quando viúva aposentava a sua vulva
Era um deserto sem chuvas ninguém passaria jamais
as mãos nas suas belas curvas ..
hoje quem ela escolheu é quem ela ama
Foda-se a idade, o seu desejo se inflama por quem a trata bem
Com respeito, como Lady, ser humano uma dama puta daquele outro jeito safado, cafajeste do seu lado só na cama.
A gente se vê ! Davi Salles

  O CANTADOR DOS COSTUMES Davi Salles Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro Da voz grave de veludo Cantou o amor, os mistérios do m...