quarta-feira, 2 de março de 2011

o caipira ( Davi salles )

O matuto

Matuto caipira, pitando seu cigarro de palha .
O galo no quintal cantando suas vaquinhas do pasto ruminando
Vem mais um dia raiando

Logo Calça sua butina
Monta no cavalo ligeiro, e ruma pro o celeiro pega as tralhas
O arado os canzis, apetrechos dessa lida que te faz feliz.
No roçado cavucando a terra semeia o pão
Com a inchada nas mãos

Um sabia cantador. num pé de ingá pousou
Seu canto afinado mostrou, parecia ate um show
Para um somente espectador .
A majestade dos passarinhos, por ali deve ter feito o eu ninho
Para a alegria desse lavrador que todo dia bem cedinho
Tinha o prazer e o contentamento de apreciar esse momento
O recital a cantoria sempre sempre no mesmo andamento

Mais logo da meio dia, bastou olhar pra riba
E matuto com certeza já sabia
era hora da bóia de dona Maria


Morena de sorriso largo .formosa numa quermesse o matuto conheceu
logo a paixão se sucedeu e nunca mais dela ele se esqueceu
numa vaquejada, um belo dia no nada a morena reapareceu,
o matuto tempo então não perdeu
rumou pra casa dela,com seu terno amarelado. uma flor de laranjeira
seu discurso ensaiado
e o pai da moça a sua mão logo lhe concedeu
o casório foi na capela, a festança lá no rancho
muita comida na panela
o pessoal na comilança, e forro varou o dia
muita festa muita dança
o matuto e a cabrocha transbordando de esperança

de volta pro seu ranchinho pros braços do seu amor
Seu cachorro ligeiro,um velho perdigueiro ,com muita festa é sempre o primiro a receber esse senhor ao chagar na porteira da bóia saborasa e caseira ele já sente o cheiro do tempero que te conquistou
Lava o rosto,as mãos Calejadas, Maria sorrindo lá da janela
Já esperava toda perfumada enfeitada cheia de paixão

Na mesa farta .tem macaxeira . tem galinhada e feijão de corda
O matuto come com gosto o quitutes que tanto gosta
depois da cesta na sua rede ele volta para a plantação
labuta sozinho Pois seus meninos tão na cidade tudo num bom caminho
De analfabeto não vão ser não
Ta tudo estudando pra ser doutorar


É assim a semana inteira masi no sábado e dia de feira
e dia de Vender o queijo,qualho o leite tudo que na sua terra consegue tirar
A carroça abastecida dona Maria do seu ladinho e os dois cantando pelos caminhos
Hoje vai ver os compadres .tomar uma branquinha
Contar os causos, ver briga de galo na rinha
Montar a barraca lá na pracinha
Com a produção, comprou fogão ,que antigamente não tinha
era a lenha Geladeira ,e televisão , dona Maria fica com a filharada,
Na sala vendo novela e os artista bonitão
e nas meninas desperta logo a prosa namoro e de paixão
E o matuto na sua rede,olhando o céu todo estrelado ,parece ate que foi pintado Por um artista renomado
tanta beleza .tanto encanto . se ouve da cachoeira sua melodia seu canto

aqui a vida é sem correria ele se faz pescaria
enche o peito de ar puro todo santo dia
sem o progresso sem agonia
Nada te falta nada ele almeja , tem uma saúde que é uma beleza
Três filhos lindos que Deus mandou,
E o privilegio de se alimentar com tudo que ele plantou
desconhece a tecnologia a ganacia a violencia a covardia
lida com gente com a terra com a natureza com a beleza com a magia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O CANTADOR DOS COSTUMES Davi Salles Dorival Caymmi, cantor, compositor brasileiro Da voz grave de veludo Cantou o amor, os mistérios do m...