terça-feira, 15 de agosto de 2023

Eu jurei que não vinha .
Estou aqui com Deus conversando
Apesar de nordestino um forte
Não estou mais suportando
Nessa peleja de só viver chorando
A saudade comigo dormindo e acordando
Meu sono me abandonando
Ficando quase nada tão pouco
E quando ele aparece e meu corpo cansado adormece
logo já estou sonhando
Com a minha casinha de reboco
Com galinhas ciscando no quintal
Comendo as sementes do milho que eu semeava
Regava e colhia no milharal.
Nos meus ouvidos zunindo ainda o mugido
Das minhas vaquinhas ruminando
O capim do meu no curral .
Que falta danada que eu sinto do meu lugar
De tanta beleza simplicidade, mas a felicidade eu sei mora é lá
Nunca mais vi seu rosto depois
Que aos prantos amuado a contra gosto
vim pra cá, e era pra vida melhorar
Os calos nas mãos estão inté sumindo já
Minha pele começando a clarear
E meu coração escurecido de doer não quer parar
E dessa doença chamada saudade
Minha alma com esse vazio que me invade
Não vai se curar
Parece que de mim tá faltando um pedaço
Uma perna um braço sei lá !
Nem lembro o dia que eu sorri
Depois que partido tive que do meu abrigo partir
Que falta me faz um abraço
Ando me procurando e já não me acho
Fui acostumado com outra rotina
Nasci foi montando cavalo ,pegando no laço
Vendo carro de boi gemendo e achando bonita e perfeita minha sina
Aqui é estampido de bala perdida
E gente morrendo e uma história termina
Usava botina , ao em vez desse sapado
Engraxado que gasto vagando por essas estranhas
E violentas esquinas
Meu chapéu de vaqueiro e o gibão
lembro com lagrimas nos olhos e tanta emoção do cheiro
Do tempo que eu era feliz e vaqueiro
Do tempo que era tropeiro peão
Essa gravata junto com a tristeza me sufocando
Tirando minha graça, e o meu olhar se apagando
D encontro ao chão ,me sentindo numa prisão
Nessa imensidão de concreto
Como um sabiá na gaiola mudo sem seu belo canto
A seca me expulsou do meu encantado mundo
Que dele não me esqueço nem mesmo um só segundo
Do meu ninho abençoado ,aqui nem sei o nome do meu vizinho .
Sua cor o seu sobrenome o que bebe e come se gosta de cachaça ou de vinho se é solteiro ou amancebado .que falta me faz um abraço A minha gente o meu Povoado de falar do meu jeito certo que dizem que é errado sem benção da minha mãezinha Ô meu Deus já vai pra mais de anos que a Seca tirou tudo que eu tinha e eu apaixonado agarrado como raiz na minha terrinha Jurei de pé junto que pra cá virar um vivo defunto eu não vinha .

Davi Salles 

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