terça-feira, 15 de agosto de 2023

 Amor à primeira vista .

Eu ainda menino franzino num dia
Que parecia que seria comum de sexta feira
Da varanda da casa grande de repente passou pela porteira.
Da fazenda duas forasteiras.
Uma mais velha e bonita demais da conta
E na carroça tinha uma galega bem mais moça
aplumada numas trouxas de roupas
Atrás uma cabrita amarrada com as tetas gordas
Umas panelas ariadas brilhando batendo uma na outra tilintando
E também anunciando as suas benditas chegadas .
Era de uma belezura a criatura os olhos dois pedacinhos do céu
vi por de baixo do meu chapéu ela me olhando ressabiada
Acho que já imaginava que eu era filho do patrão
Do coronel mais rico da região .
Meu corpo queimando pensei que estava me resfriando
Mas era o vírus da paixão me contaminado.
Na brisa mansinha o cheiro dela eu sentia
Na troca de olhar eu já era dela e ela minha todinha
No cavalo do primeiro montei na cela
Achei a tampa da minha panela tinha certeza
Que estranha brejeira, a gata borralheira
Tinha chegado aqui foi para virar princesa
Ela tornou-se sol do me verão meu cobertor
pro meu frio o trigo pra fazer meu pão.
E desde então nos pastos verdejantes agente se embrenhava
de mãos dadas nos riachos inocentes como chagamos ao mundo
Nossos corpos se banhavam demos um nó que nada e ninguém desatava .
Forte como aço esse sentimento Todo o tempo
Era tempo para os nossos momentos
como uma chaleira o desejo fervia fumegando
logo como a sua matriarca ela estava cheia de curvas
formosa cheirava como uma flor exalando sensualidade
a peonada com ela querendo namoro intimidade
Eu enciumado como um touro brado
No auge da nossa puberdade louca alucinada pela beldade.
Vivia morrendo de uma vontade que já era mais que necessidade.
Então num fim de tarde veio o primeiro beijo na boca,
Ela lavando a louças botei lenha na fogueira
Como da primeira vez que ela aqui chegou e passou por aquela porteira também era uma sexta-feira
A noite caiu do beijo eu não me esquecia
A lua cheia prateava a serra e depois que provei dos seus lábios aquele doce de mel, do balançou a roseira do meu juízo e eu disse pra Deus essa mulher eu careço mereço e preciso!
Não quietava o facho só pensando na minha donzela
Lá em cima e eu cá em baixo . e ela debruçada no peitoril serenado gelado vendo o céu todinho estrelado da janela
O sono não me procurava, então de mansinho nem pianinho
Entre nos aposentos da bela por trás arrochei um chamego, cafunguei no seu cangote sussurrei um eu te amo com a voz embargando em total desatino no auge do seu desejo feminino
Ela perdeu o prumo com o que estava sentindo o vestido de chita estampado desabotoei até o último botão .
E aquele corpo que via nu no riacho agora tão mudado
Era como um retrato da beleza uma perfeição
Um divino traçado de Deus num momento de total inspiração.
Pra mim ela entregou a castidade a pureza que guardou
Me amou com toda sua paixão .
Então eu tinha que fazer meu papel de homem honrado
Botar no seu dedo um anel comprar um vestido
Com grinalda e véu ser seu príncipe encantado
E assim no dia seguinte antes do galo cantar café com meu
Par eu fui tomar E pedi sua mão pra mãe dela o consentimento
Pra nos abençoar .
E logo depois o vigário casou nós dois na capela da fazenda
Aquela mulher que anos atrás avistei da varanda
Hoje uma senhora a chamo de minha sogra agora
Nunca tivemos uma contenda .
avó dos meus filhos mãe da meu tudo a cor do meu mundo
é o melhor dos meus dias me veste de alegria
a cada segundo. É trilho pro meu trem passar
A rima desse meu cordel de emocionar .
água pura e cristalina pra todas as minhas sedes matar
A ela sou fiel a luz dos meus olhos
É a vida que na minha põe vida e me faz bem
E até o meu derradeiro dia de respirar
Nenhum outro corpo o meu irá tocar
jamais outra boca vou beijar
Porque sua metade sempre inteira me fará
Mesmo com as portas sempre abertas com asas
Crescidas e completas jamais pra longe desse amor eu vou voar .
Davi Salles

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