quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

a loucura

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A loucura (Davi Salles )

Loucura é o estado, é um país
O continente de inocência mais pura
A vaidade sai pela porta, é uma manhã eternamente escura
Das regras da sociedade, da censura, a loucura ironicamente nos liberta
A nudez, a intimidade já não importa
Verdades aos quatro ventos já não há algemas nos pensamentos
Autistas, distanciados, exílio dos alucinados

A loucura tem seu mundo próprio
Vozes, personagens, monólogos, é num palco solitário
Onde os aplausos não acontecem, quando a loucura aparece
Quando ela imprime o seu perfil, manifestada e qualificada a patologia
O seu estágio de desvario se inicia
Quebra-se então de imediato a convivência
Se caracterizada a diferença
Com os normais do dia a dia, os que ostentam consciência
Faculdades mentais, raciocínios reais
A loucura não os permite mais, é falência de sanidade
São divorciados da razão, da paz
Do ócio, da união, aos loucos a solidão
O medo da aproximação
Já não desfrutam o mesmo espaço
Muitos, jamais terão um só abraço, ou um segundo de atenção
Algum momento de exatidão

Serão escravos, servos do mal, que te furtou as rédeas do mundo real
O transportou para uma zona abissal, modificou sua postura
Subtraiu sua cultura, como um riacho que secou
A lucidez se apagou, o olhar que se turvou
A dispersão se eternizou
Muitas facetas, de inconstância, presenças do outro lado
Visões de desencarnados, vagas lembranças, a loucura e seus filões
A procura entre milhões, redoma de ilusões, eternas interrogações

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