terça-feira, 15 de agosto de 2023

 A lamparina .

Eu nunca que me esqueci do dia que a morena formosa, lá no coreto praça conheci , puxei uma prosa nervoso , gaguejando . No peito um desassossego danado, uma carreira no coração . quando fui me aprochegando era um colírio para as vistas, ela toda uma artista de novela, pensei que estava era sonhando, mas estava ali encontrando a minha verdadeira cinderela.
A cabrocha com aquela boca carnuda, um batom vermelho cor de jambo os cabelos negros cumpridos, o corpo parecia um violão que minhas mãos já queriam era tá tocando . Diacho de mulher mais bonita, que tinha arregalado as minhas vistas, que sorriso de feitiço , ela só chamando atenção, era um virar de pescoço, era velho, menino, moço. E naquele mundo de formosura eu grudei feito um cão que não larga o osso, a paixão me laçou feito peão na vaquejada. ao se rir para mim a cabrocha, meu coração roubou, desse dia em diante nada mais foi como era antes, a gente nunca mais de largou, viramos namorados, amantes, e um ano num instante galopante se passou.
Eu de lavrador, virei pedreiro, carpinteiro, deixei nossa casinha arrumada, as paredes branquinhas caiadas, nossa vidinha era bem simples, sossegada, porém muito feliz e abençoada era um mar de amor. Nós não carecíamos de mais nada, ela era meu jardim florido, donde eu seu marido, fui seu primeiro e único beija flor.com
muito orgulho, o seu devedor, o primeiro e derradeiro cabra com quem ela se deitou, o que era só meu ninguém jamais um dedo só relou.
Um dia voltando da lida, lá do roçado, cansado, suado, eu todo assanhado, querendo chamego, chamei seu nome:
- Margarida!
Ela não respondeu como fazia da cozinha com o seu avental estampado. Me bateu um medo, fui numa carreira para o quarto, e o pé de lá ela não tinha arredado, estava debaixo da manta suando que nem cuscuz, num febrão danado! Avexado e mais que ligeiro, acunhei o cavalo, selei fui na cidade, busquei o doutor. Ele a examinou, remédio receitou, mas da cama Margarida nunca mais se levantou .veio uma benzedeira, mas de jeito maneira de nada adiantou, duas luas depois a extrema unção foi dada pelo padre Agenor, e meu grande amor, já estava nos braços de Deus nosso Senhor. E eu nas garras da solidão, nunca mais do seu corpo senti o color, e nem dos seus beijos aquele doce sabor.
Na hora da doida despedida no velório, ela estava tão linda, parecia que estava viva, como no nosso casório, mas seus olhos agora estavam apagados, não mais iluminariam os meus. Num riacho de lágrimas, afogados, de luto, lutando com a triste realidade, ainda rezando para que isso não fosse verdade, só um pesadelo, que eu poderia acordar mais tarde .depois da última vela derretida, me despedi da minha querida, minha cara metade, o único e verdadeiro amor dessa minha vida. O meu castelo estava sem rainha, e eu sem apetite na boca, não ia nem um punhado de farinha, meu conto de fadas num final densinfeliz, minha melhor amiga, minha amada, agora, descansava lá no chão da capela, que eu mesmo fiz. Sozinho, com um filho pequeninho, que ninava nos meus braços, olhando seu rosto, que como o da sua mãe era igualzinho, perdi o sono, minha tristeza aumentava dia após dia, e de um vazio a solidão meu coração enchia. A felicidade tinha me dado as costas, também fiquei de cabelos compridos, barbado e de mal com Deus, desmantelado, buscando respostas, deprimido. Na capela para rezar, meus pés nunca mais eu botei lá, estava amargo que nem jiló, da existência do criador duvidei, virei ateu, pois o meu presente maior que meu deu, tomou de volta não sei o porquê se arrependeu. E a saudade diagramada só cresceu, inteiramente pela metade, mais um janeiro chegou, e o fruto que Margarida gerou no buxo, de papai me chamou, sem ter a mínima noção, que sua mãe, tão cedo nos deixou. Então fiquei matutando, o que dizer para ele, quando tudo ele já estivesse falando, e as coisas me perguntando, onde estaria, quem nesse mundo o colocou, e fez enxergar a luz que o dia está clareando? parei por um segundo, e escrevi num papel, para não me esquecer, ou caso eu também tão logo fosse chamado lá para o céu a resposta ? .
Assim foi o meu dizer:
- Amado filho, estou lhe escrevendo esse bilhete, para você saber, que sua mãe era um anjo encantado, a cumeeira desse lar, e eu por ela ainda sou, e serei para todo sempre, eternamente apaixonado. Margarida, como diz no nome era uma flor, uma joia rara, de imensurável e inestimável valor. Anjo disfarçado de gente do criador ela foi uma obra prima, um poço de amor, um manancial, iluminada, da mais bela beleza dotada, era divina, de uma alma pura e tão cristalina, que Deus achou que ela fosse filho, uma lamparina! então por isso, Ele a colheu, e nos deixou nessa escuridão, fechando nossa cortina, levou a minha amada, a sua mãe dedicada, para alumiar sua morada, no andar lá de cima.
a gente se vê Davi Salles

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