Amigos são como flores em nossos canteiros, nas memórias, registramos desses parceiros seus timbres, o cheiro. São personagens dos capítulos das nossas histórias.

Amigo a gente ama, e a presença reclama de janeiro à janeiro. As cores, a etnia, o credo, nada disso tem valia, para um laço apertado, puro e verdadeiro.

Amizade nada tem a ver com dinheiro! A palavra companheiro, vem do ato de se doar, e ser boa companhia. Amigo preto, amigo branco, amigo mestiço ou amarelo, aquele que mora em barraco ou em castelo, não muda, irá contigo comer caviar ou farelo.

Sem ter seu DNA, o seu genoma, e ainda assim existirá uma goma, uma liga, almas amigas fazem um pacto de sangue, amigo vai, mas sempre volta, ligeiro como bumerangue.

Pelos caminhos nos machucaremos com alguns espinhos, mas quem tem amigo, jamais estará sozinho. Amizade, se madura, não apodrece, o teor se acentuando aparece por anos, é como um bom vinho, que no cálice sagrado se oferece.

Amigos atravessam os desertos de mãos dadas, dividindo cada gota do cantil, e no oásis, o regozijo do sofrimento que ninguém viu, para os seus pés descalços, um par de sapatos macios, um amigo de verdade, sempre lhe levará urgente. Para o inverno mais frio, o abraço quente de lã, daquele que a gente tem como irmão, como irmã, dá na gente, até mesmo mentalmente. Amigo sofre com nossas mais dolosas perdas, aquelas sem tamanho, que iguala plebeus e altezas. Se o pão faltar à sua mesa, provisões e palavras doces, em ti cairá uma chuva, na luz silenciosa do olhar, a cura, na boca, o som que outras calaram, na do amigo, és palestra, uma oração, lhe catapultando do fundo do poço, para lá em cima, novamente sentir o calor do sol brilhando no seu rosto.

Do sentimento amor, alguém, um dia poderá virar a chave, e mudar a clave, o afinado se desentoa, quem te amou, do seu amor enjoa, e tudo construído e ruído ver virar pó, dá fartura de ternura terás migalhas.

Amigo contigo, nunca joga no ringue a toalha, é abrigo, olha para dois umbigos, para lhe socorrer, acudir e às vezes, também lhe sacodir. Tem autoridade, a matemática, com a licença poética, onde um mais um sempre dá uma unidade, com exatidão. Somos como o mar, esperando as águas do rio, o aluguel com amor em nossos corações, gratos senhorios .

A gente se vê! Davi Salles.